Sustentabilidade vira aliada da Norma de Desempenho
Em vigor há dois anos, a Norma de Desempenho ainda enfrenta resistência, mas também já conta com aliados no ambiente da construção civil. Entre eles, as certificações sustentáveis. Além de reforçar a necessidade de a ABNT NBR 15575 ser executada, pois atrelam a concessão da certificação ao cumprimento da norma, os selos verdes também ajudam a melhorar itens da NBR 15575. Sobretudo nos quesitos relacionados a desempenho térmico e lumínico, como revelam as arquitetas Márcia Menezes e Tássia Marques, que atuam no Centro de Tecnologia de Edificações (CTE).
Para mostrar a existência de vários pontos em comum entre a Norma de Desempenho e as certificações sustentáveis, as profissionais palestraram no Greenbuilding Brasil 2015, que aconteceu na cidade de São Paulo entre 11 e 13 de agosto. Basicamente, explicou Márcia Menezes, a única diferença entre as certificações sustentáveis e a Norma de Desempenho é que os selos verdes são opcionais e a ABNT NBR 15575 é obrigatória para a construção de edificações habitacionais e comerciais. “Dos catorze pontos fundamentais de uma construção, sob o ponto de vista do usuário, em doze a norma e as certificações coincidem”, diz a diretora da Unidade de Inovação & Tecnologia do CTE.
Estes pontos referem-se a desempenho térmico, conforto acústico, desempenho lumínico, durabilidade, segurança, entorno do prédio, gestão de resíduos, usabilidade, conservação e manutenção, qualidade sanitária, projeto e mão de obra qualificada. “A Norma de Desempenho faz um ordenamento destes itens e das normas específicas que tratam deles em uma construção. Isso elimina o risco de experimentos na obra. Qualquer sistema (construtivo) ou produto, de acordo com o que determina a NBR 15575, terá de comprovar que passou por ensaios para ser aceito no canteiro de obras”, completa Márcia Menezes.
Sombras e insolação
Norma de Desempenho e certificações para construções verdes estão intrinsecamente ligadas pelas três grandes categorias de que elas tratam: segurança, habitabilidade e sustentabilidade. No entanto, selos como LEED e Aqua têm elementos que ajudam a aprimorar a ABNT NBR 15575, principalmente nos pontos relacionados a desempenho térmico e lumínico. De que forma? Com base na certificação Aqua, a arquiteta Tássia Marques mostrou estudo realizado pelo CTE, que simulou várias situações de sombreamento, insolação e ventilação, comparando-as com o que pede a norma.
Em síntese, a Norma de Desempenho é pouco descritiva em relação às regiões bioclimáticas do Brasil quando cobra desempenho térmico e lumínico. Para compensar essa fragilidade, a melhor solução é adotar parâmetros estabelecidos nas certificações sustentáveis. Cada região tem pontos cardeais com maior ou menor eficácia em relação a sombreamento e insolação. Em Curitiba, como exemplo, as habitações voltadas para o sudoeste são as que menos recebem a incidência da luz solar, independentemente da estação do ano. Assim é também com outras cidades, o que obrigaria a Norma de Desempenho ser mais abrangente ao tratar das questões térmicas e lumínicas em cada bioclima do país.
Entrevistadas
Arquiteta Márcia Menezes, diretora da unidade de Inovação & Tecnologia do Centro de Tecnologia de Edificações (CTE)
Arquiteta Tássia Marques, consultora de eficiência energética do Centro de Tecnologia de Edificações (CTE)
Contatos
marciame@cte.com.br
comunicação@cte.com.br
Créditos fotos: Divulgação/Cia. Cimento Itambé
Informativo Massa Cinzenta – Cimento Itambé
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330