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Desperdício de água é desafio para companhias de saneamento

saneamentobasico.com.br - 24 de setembro de 2015 1026 Visualizações
Desperdício de água é desafio para companhias de saneamento
A drástica redução no volume de chuvas nos últimos dois anos é motivo de preocupação para ambientalistas e autoridades e pode comprometer o abastecimento de água em Minas Gerais. Mas o desperdício de água nesse cenário de escassez também acende um sinal de alerta e evidência de que o cidadão não é o único responsável pelo mau uso da água: tecnologias obsoletas e falta de investimentos colocam nesse rol empresas públicas e privadas, além do setor agrícola, o maior consumidor de recursos hídricos.
Esses e outros problemas serão abordados pelo Seminário Legislativo Águas de Minas III - Os Desafios da Crise Hídrica e a Construção da Sustentabilidade, que terá sua etapa final de 29 de setembro a 2 de outubro na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).
O “Diagnóstico dos Serviços de Água e Esgotos”, realizado com base em dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), aponta que o índice de perdas de água pelas concessionárias brasileiras ainda é altíssimo. A média nacional registrada em 2013 foi de 37%, praticamente o mesmo de 2012, que foi apenas 0,1% superior. A Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) apresentou um índice de 33,8%.
Conforme o estudo, apenas três empresas de saneamento registraram, em 2013, indicadores inferiores a 30%: Copanor (MG) 23,4%; Caesb (DF), 27,3%; e Saneago (GO), 28,7%. Outros 13 prestadores de serviço registraram perdas abaixo de 40% e nove superaram 50% de desperdício.
Na comparação com outros países, os números são ainda mais alarmantes. Segundo a presidente da Associação Mineira de Defesa do Meio Ambiente (Amda), Maria Dalce Ricas, no Japão a perda média é de 2% e na Alemanha, 7%. “O negócio das empresas era vender a água, então o desperdício não era problema”, critica a ambientalista. Na sua avaliação, o consumidor é que acaba pagando pela água que se perde no caminho até a torneira. Mas, com a escassez, o assunto retorna à discussão.
A secretária-executiva do Conselho de Empresários para o Meio Ambiente da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), Patrícia Boson, explica que, há mais de dez anos, a instituição vem alertando e compartilhando com as empresas a necessidade de melhorar a gestão hídrica nos processos industriais. “Não dá mais para investir apenas na gestão da demanda; é preciso encarar a oferta”, adverte a especialista.
Na opinião de Boson, é inadmissível nos dias atuais ainda convivermos com tais índices de perdas na distribuição de água pelas concessionárias estaduais. Ela também critica o parque industrial ainda muito obsoleto, que demanda muita água em seus processos. “É preciso produzir com menos água”, defende.
A diretora-geral do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), Maria de Fátima Chagas Dias Coelho, admite que é necessário melhorar a gestão para reduzir o desperdício envolvendo empresas e órgãos públicos. “É preciso sensibilizar a sociedade para implementar instrumentos que permitam a redução, o reuso e a recirculação da água”, afirma.