Com aeroportos privados surgem os bairros logísticos
O urbanista norte-americano John Kasarda entende que as cidades, desde que planejadas, podem crescer no entorno dos aeroportos. O conceito criado por ele, e batizado de “aerotrópole”, prevê estruturas que atraiam centros de negócio, bens de serviços, polos industriais e instalações comerciais em volta dos terminais aéreos. A ideia é criar bairros logísticos que facilitem a vida de executivos, profissionais liberais e frequentadores de congressos, exposições e convenções, propiciando que eles cumpram suas agendas sem precisar se deslocar para fora do perímetro dos aeroportos. “Os viajantes podem realizar seus negócios, trocar conhecimento, fazer compras, comer, dormir e se divertir, tudo a 15 minutos dos aeroportos”, explica Kasarda.
O que era uma tese urbanística já é realidade na Holanda. O aeroporto de Schiphol, que fica a 15 quilômetros de Amsterdam, é o primeiro “aerotrópole” da Europa. As mudanças começaram em 2012, atraindo hotéis, edifícios de escritórios, shopping center, armazéns logísticos e até áreas habitacionais. Resultado: transformou-se no sexto aeroporto mais movimentado do mundo. Hoje, recebe mais de 50 milhões de passageiros por ano e quase 500 mil operações de aeronaves em igual período. “Schiphol combinou planejamento aeroportuário, planejamento urbano e planejamento de negócios, transformando-se em um potente motor do desenvolvimento econômico para Amsterdam. É esse o conceito que proponho”, explica John Kasarda.
A ideia se propaga. Os aeroportos de Fort Worth, em Dallas-EUA, e de Songdo, na Coreia do Sul, estão em processo de transformação para “aerotrópoles”. Songdo, aliás, não está criando apenas um bairro logístico no entorno do terminal aéreo, mas um bairro tecnológico. O New Songdo foi projetado para receber uma população de 65 mil habitantes, que estará 100% interligada pela tecnologia de informação. A estratégia é que a “aerotrópole” sul-coreana se transforme na maior do mundo até 2020, já que está a pouco mais de três horas de alguns dos países mais populosos do mundo: China, Rússia e Japão.
Viracopos, o pioneiro no Brasil
No Brasil, o aeroporto de Viracopos, em Campinas-SP, é o primeiro do país que se prepara para se adequar a esse conceito. Existe a previsão de que, inicialmente, sejam investidos R$ 9,5 bilhões em obras de infraestrutura para transformar o entorno do terminal aéreo. O projeto para consolidar Viracopos como “aerotrópole” é uma parceria entre a prefeitura de Campinas e a concessionária Aeroportos Brasil, que administra o aeroporto. “É um conceito que vai criar, a partir do aeroporto, uma integração com a região do próprio aeroporto, com a cidade, com a região metropolitana de Campinas e com outros municípios de São Paulo”, diz o secretário municipal de desenvolvimento econômico de Campinas, Samuel Rossilho.
O plano prevê que o terminal de Viracopos tenha quatro pistas em 30 anos, para suportar o movimento de 80 milhões de passageiros. A fim de atender toda esta estrutura haverá um contingente entre 50 mil e 60 mil pessoas trabalhando dentro do terminal, e pelo menos mais 150 mil no entorno. “Nós estimamos que nos próximos 20 anos a região de Viracopos irá receber mais de R$ 100 bilhões em investimentos somente da iniciativa privada, além dos investimentos dentro do aeroporto e dos investimentos de governos”, ressalta Rossilho.
Entrevistados
John Kasarda, urbanista, Ph.D em negócios aeroportuários, professor da Universidade da Carolina do Norte e CEO da Aerotropolis Business Concepts
Samuel Rossilho, economista e secretário municipal de desenvolvimento econômico de Campinas
Contatos
john_kasarda@kenan-flagler.unc.edu
Kasarda@aerotropolisbusinessconcepts.aero
www.aerotropolisbusinessconcepts.aero
smdes.gabinete@campinas.sp.gov.br
Créditos Fotos: Divulgação
Informativo Massa Cinzenta – Cimento Itambé
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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