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Combate ao déficit habitacional passa por tecnologia 3D

Informativo Massa Cinzenta – Cimento Itambé - 19 de janeiro de 2016 1267 Visualizações
Combate ao déficit habitacional passa por tecnologia 3D
Está em fase de teste, na Universidade do Sul da Califórnia (USC), uma impressora 3D gigante capaz de “imprimir” em 24 horas as estruturas de casas de até dois pavimentos, cada uma medindo aproximadamente 80 m². O equipamento foi projetado pelo professor Behrokh Khoshnevis, mestre em engenharia industrial e de sistemas, além de diretor do programa de pós-graduação de engenharia de produção da USC. O desenvolvimento da tecnologia, batizada de Contour Crafting, conta com a parceria da Caterpillar.
Na concepção de Khoshnevis, a impressora de estruturas de concreto para construir casas pode beneficiar, principalmente, os países com grande déficit habitacional, como o Brasil. “Usando este processo, pode-se construir uma única casa ou um condomínio, com as unidades podendo ter design diferente. A impressora incorpora o projeto e já prepara as paredes para receber instalações elétricas, hidráulicas e de ar-condicionado”, explica o professor da USC, afirmando que o sistema Contour Crafting aceita softwares como BIM e similares.
A tecnologia desenvolvida nos Estados Unidos é um avanço em relação à que já está em funcionamento na China. A que opera em Xangai usa o sistema 3D apenas para “imprimir” as paredes e precisa de mão de obra para montá-las na estrutura da casa. No caso do Contour Crafting, um pórtico com braços robóticos vai “imprimindo” as paredes através de injeção de concreto autoadensável. O que depende de ação humana é a construção do radier, sobre o qual será erguida a casa. Outra característica do pórtico é que ele instala as lajes pré-fabricadas, para consolidar o segundo pavimento das casas.
 
De Marte para habitação de interesse social
A instalação dos telhados e a fase de acabamento das casas também dependem de mão de obra. “O objetivo da pesquisa, em 2012, era para abordar a aplicação do Contour Crafting em habitats de construção em outros planetas. O conceito era que a tecnologia viabilizasse estruturas na Lua e em Marte, antes do fim do novo século. Essa ideia não está abandonada, mas o sistema construtivo permite enfrentar o déficit habitacional. Trata-se de um método economicamente viável para a construção de habitação a preços acessíveis”, avalia Behrokh Khoshnevis.
China e Arábia Saudita são os primeiros países que negociam com a Universidade do Sul da Califórnia o emprego da tecnologia para utilizá-la na produção de casas populares em alta escala. Os dois países também se interessam em ser parceiros no desenvolvimento do sistema, para que ele permita “imprimir” estruturas de prédios de até cinco pavimentos. O objetivo é vender a tecnologia para países com altas taxas de déficit habitacional. Além de China e Arábia Saudita, incluem-se nesta lista Coreia do Sul, Índia, Turquia, Malásia, Egito, Vietnã, Argélia e Brasil.
Outra meta dos que pretendem incluir a tecnologia no mercado imobiliário é fazer com que ela se torne cada vez mais barata e adaptada à realidade dos países. Hoje, o custo para se “imprimir” a estrutura de uma casa no sistema Contour Crafting é de US$ 5.929,00 (cerca de R$ 24 mil). A intenção é simplificar o processo e fazê-lo chegar a US$ 1.000,00 (R$ 4 mil). “A esse custo, o sistema se viabilizaria para causas humanitárias, construindo habitações de interesse social em áreas frequentemente ameaçadas por desastres naturais”, justifica Behrokh Khoshnevis.
 
Entrevistado
Engenheiro industrial Behrokh Khoshnevis, diretor do programa de pós-graduação de engenharia de produção da Universidade do Sul da Califórnia (USC)
 
Contatos
khoshnev@usc.edu
www.bkhoshnevis.com
www.contourcrafting.org
Créditos fotos: Divulgação/Contour Crafting
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330