Técnicas de conservação para grandes obras
Francisco Holanda expôs sua experiência em grandes obras na América Latina.
O Clube de Engenharia reuniu, em 1º de junho, engenheiros, estudantes e outros segmentos na palestra Durabilidade e patologia de obras em concreto junto ao mar, de Francisco Holanda. Com experiência em grandes empreendimentos na América Latina, como metrôs, barragens, túneis, estações de tratamento de esgoto e aeroportos, entre outros, o engenheiro expôs, em palestra detalhada, todos os aspectos necessários para garantir a durabilidade de grandes obras sujeitas ao ataque de cloretos e sulfatos. O evento foi promovido pela Diretoria de Atividades Técnicas (DAT), Divisão Técnica de Construção (DCO), Instituto Brasileiro de Concreto (Ibracon) e Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural (Abece).
A durabilidade de concreto, e ameaças internas e externas, foram destaques, quando Holanda traçou diversos aspectos, tratando mais especificamente do concreto compactado com rolo, o CCR. Configuram ataques externos cloretos, sulfatos, oxigênio e gás carbônico. Os internos são reações álcali-sílica e álcali-carbonato.
Diretrizes foram apontadas. No planejamento e realização de uma obra, deve-se sempre considerar a elevação ou queda de temperaturas e possível ocorrência de trincas de origem térmica. Uma das opções para mitigar essas ameaças é a adição, ao cimento, de componentes com poderes de hidratação. As obras devem ser mantidas de acordo com a ação do tempo e os acasos. Um dos exemplos mostrados foi a ponte General Rafael Urdaneta, na Venezuela, construída cerca de cinco anos antes da Ponte Rio-Niterói, em cima de um lago doce. Este lago sofreu mudanças na sua salinidade devido ao alargamento do canal de ligação com o mar ao longo do tempo, o que gerou corrosão nas armaduras da ponte. Outro exemplo foi o Túnel Gambetta, no Peru. Em função das condições climáticas a equipe responsável teve que fazer um resfriamento adicional, com tubulações no entorno da estrutura para evitar trincas que colocariam a estrutura em risco.
Critérios
O engenheiro registrou a importância de seguir as normas, e um dos exemplos usados foi da NBR 6118, que aponta as diretrizes para a durabilidade das estruturas de concreto, levando em consideração o tipo de ambiente, podendo ser rural, submersa, urbana, marinha, industrial ou com respingos de maré. Para cada caso existe um risco diferente de deterioração. Como toda obra começa nos projetos, Holanda também explicou os critérios de projeto que visam à durabilidade. Foram apresentados os requisitos para concretos expostos a soluções de sulfatos, definindo pelos tipos de cimento, quantidade de sulfato e outras variáveis.
Mesoclima
O engenheiro ressaltou a importância de se identificar o mesoclima da região da obra, e indicou alguns recursos, físicos e digitais, a serem empregados para auxiliar na identificação. Como exemplo, utilizou o Tunel Gambetta, no Peru, expondo todo o estudo do caso, com detalhes de temperatura de concreto, umidade, velocidade de vento e taxa de evaporação. Até mesmo durante a execução da obra é válido calcular o momento do dia em que se vai concretar, por causa da temperatura ambiente. Lembrou que é preciso pensar em tudo ao redor, inclusive a água presente no subsolo. Grandes obras precisam durar dezenas de anos, às vezes até centenas. Também indicou ações preventivas para evitar os danos do clima local à obra. Uma delas é a proteção da armadura de concreto, que pode contar com algumas medidas especiais, como emprego de aço inoxidável, aço galvanizado, uso de revestimentos contínuos não metálicos e proteção catódica, em casos específicos. O meu objetivo é reparo zero, concluiu Francisco Holanda.