Líderes da indústria desejam menos turbulência política para que a economia avance em 2017
O ano de 2016 foi recheado de altos e baixos, com muitas reviravoltas em diversas direções, principalmente no campo político, que sofreu turbulências constantes. Impeachment, manifestações, choques entre poderes, dentre outros fatores, marcaram o dia a dia do Brasil, que viu sua economia encarar uma de suas maiores crises da história, principalmente no setor de óleo e gás. Agora, passado o ano, a expectativa da maioria da indústria, seja contra ou a favor do novo governo, é que sejam encontrados caminhos de maior estabilidade em 2017.
Em mais uma edição da série Perspectivas 2017, o Petronotícias traz nesta terça-feira (3) as opiniões do diretor executivo da Câmara de Comércio Brasil-Texas (BRATECC), Cid Silveira, do Presidente do Clube de Engenharia, Pedro Celestino, e do Presidente da ABB Brasil, Rafael Paniagua. Veja a seguir.
Cid Silveira – Diretor Executivo da Câmara de Comércio Brasil-Texas (BRATECC)
1- Como analisa os acontecimentos neste ano em seu setor?
Tivemos um ano bastante prejudicado, na nossa visão. Mais negativo do que esperávamos. Para o mercado mundial de óleo e gás, a queda brusca do preço do petróleo foi o fator preponderante, porém no caso do Brasil houve outros eventos que também contribuíram de forma importante na crise em geral. Muita gente tinha uma posição mais otimista e esperava o início da recuperação da economia já no segundo semestre, sentimento este que ganhou força com as mudanças no governo federal após o impeachment. Mas o contínuo desdobramento nas investigações da Lava-Jato continuou, e apesar de a Petrobrás ter se mostrado o mais transparente possível em seus esforços na direção da recuperação, com várias medidas saneadoras, o setor está terminando o ano de uma maneira inesperadamente bastante crítica.
2- Quais seriam as soluções para os problemas que o país atravessa?
Já conseguimos enxergar indícios de melhorias no setor para 2017. A solução é a continuidade daquelas ações implementadas em 2016, tanto no plano político quanto dentro do setor da indústria em geral, na direção de conclusões e melhorias que irão suportar o início da recuperação. A volta ao mercado das grandes EPCistas após os acordos de leniência deverá ser um fator importante nesta recuperação.
3- Quais as perspectivas para 2017? Pessimistas ou otimistas?
Somos otimistas para 2017, e desta vez nos parece ser um sentimento mais forte do que aquele que tínhamos no início de 2016, pois estamos testemunhando progresso real tanto na política quanto no setor privado. Parece existir uma solução de continuidade neste processo dolorido de “limpeza de casa” por que passamos e ainda estamos passando.
Pedro Celestino – Presidente do Clube de Engenharia
1- Como analisa os acontecimentos de 2016 em seu setor?
Desastroso. À paralisia dos meses finais do governo Dilma seguiu-se a captura da política econômica pelo mercado financeiro, tendo como resultados o aprofundamento da recessão, o desmonte do Estado, engessado pelos próximos 20 anos, ao mesmo tempo em que os juros, os mais altos do planeta, se mantêm livres para flutuar, e a descaracterização da Petrobrás como empresa integrada, âncora do nosso desenvolvimento industrial ao longo da sua história, hoje em frenética venda de ativos rentáveis (os do pré-sal), para petroleiras estrangeiras que para cá virão com a ótica colonial de sempre. Por fim, a Lava Jato que, sob a capa do combate à corrupção, dedica-se à sistemática destruição da capacidade tecnológica e gerencial da nossa engenharia, acumulada ao longo das seis últimas décadas. De um país em construção passamos a ser um país em desconstrução.
2- Quais seriam as soluções para os problemas que o país atravessa?
O atual governo não tem legitimidade para levar a cabo propostas que, se implementadas, nos levarão a retroceder aos anos 30 do século passado, pois não tem origem no voto popular. A perplexidade com o que está acontecendo é geral. Nesse quadro, não há solução melhor que a antecipação da eleição direta do presidente da República para que o país tenha novamente um rumo acatado por todos. Em qualquer circunstância, não vemos solução para a crise fora da democracia, nem da retomada do desenvolvimento econômico, soberano, sustentável e socialmente inclusivo, para construir e projetar o Brasil como grande Nação protagonista do Século XXI.
3- Quais as perspectivas para 2017? Pessimistas ou otimistas?
Pessimistas. À crise econômica sem fim se soma o impasse político, o que faz travar tudo.
Rafael Paniagua – Presidente da ABB Brasil
1 – Como analisa os acontecimentos de 2016 em seu setor?
É fato que vivemos um momento econômico que demanda atenção, criatividade e diferenciais competitivos para ter êxito no mercado brasileiro. 2016 foi um ano próspero para os negócios da ABB, mesmo em um momento de desaceleração. Fechamos contratos e entregamos diversas soluções em automação e energia para empresas dos mais variados setores.
2 – Quais seriam as soluções para os problemas que o país atravessa?
Acredito que mesmo nesse cenário de desaceleração econômica, a ABB tem muitos diferenciais competitivos e um deles é o protagonismo na Indústria Digital. A ABB é uma companhia que acredita no Brasil e está entusiasmada com os projetos do próximo ano. A inovação e desenvolvimento de tecnologias e soluções é o ponto-chave para a retomada dos negócios.
3 – Quais as perspectivas para 2017? Pessimistas ou otimistas?
A perspectiva da ABB para 2017 é, sem dúvida, muito otimista. A companhia acredita na retomada da economia do país e no potencial e expertise que possui. Novas tecnologias que farão parte de nosso portfólio são parte fundamental para tenhamos um 2017 muito mais promissor.