Reforço em concreto permite recuperação da Hercílio Luz
A ponte Hercílio Luz, em Florianópolis-SC, está exigindo o emprego de tecnologias desenvolvidas nos Estados Unidos para a recuperação de pontes pênseis. Para que as obras pudessem avançar, foi preciso construir uma estrutura auxiliar que suportasse o vão central da Hercílio Luz. Essa etapa – a mais complexa – está sustentada sob pilares submersos, que receberam concreto com aditivos especiais, a fim de atingir a resistência exigida no projeto. O material foi bombeado a 30 metros abaixo do nível do mar e outros 7,5 metros para penetrar nas perfurações feitas nas rochas submersas.
A operação teve a consultoria técnica da American Bridge, construtora norte-americana que projetou e executou a ponte original, inaugurada em 13 de maio de 1926. A concretagem dos pilares e a instalação dos blocos pré-moldados sobre as estacas consumiram 9 mil m³ de concreto. A estrutura funciona como uma “mesa” para sustentar a armação metálica provisória, projetada para suportar as cargas do vão central durante a restauração. Toda essa operação foi concluída em 2015 e ficou a cargo do consórcio Florianópolis Monumento (formado pelas construtoras CSA Group e Espaço Aberto).
Já a etapa de reconstrução da estrutura pênsil foi entregue ao Grupo Teixeira Duarte (EMPA) e à RMG Engenharia. Nesta fase, 54 macacos hidráulicos foram instalados nas duas torres da ponte, para suspendê-las e permitir a recuperação e o reforço das fundações antigas da Hercílio Luz, construídas com concreto ciclópico. Os maciços receberão encamisamento de concreto armado e novas estacas para suportar as torres. Segundo inspeção realizada pelos engenheiros Hermes Carvalho e Francisco Carlos Rodrigues, do departamento de engenharia de estruturas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), as patologias eram tantas que praticamente terá de ser reconstruída uma nova ponte.
Patrimônio histórico
Também serão feitas as substituições das barras de olhal e pendurais, dos aparelhos de apoio e selas das torres e do tabuleiro do vão pênsil. Quando todas essas operações tiverem sido concluídas, haverá a desmontagem da estrutura provisória. A expectativa é de que a ponte seja reaberta para o tráfego no primeiro semestre de 2018. O custo da recuperação está orçado em R$ 262,9 milhões, bancado com recursos do governo de Santa Catarina, da prefeitura de Florianópolis e do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Sairia mais barato construir uma ponte nova, mas a Hercílio Luz é tombada pelo patrimônio histórico nacional, o que obriga a sua perpetuidade.
Construída há 90 anos, a Hercílio Luz está interditada para o tráfego de veículos desde 1982. A partir de 1991, seu acesso foi proibido também para pedestres. O motivo: deterioração de suas estruturas metálicas, por falta de manutenção, segundo laudo técnico do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas). Com a recuperação da ponte, o Deinfra-SC assegura que ela poderá receber 40% do fluxo diário de veículos (leves e pesados) que faz o trajeto continente-ilha-continente, desafogando o trânsito na única ponte que hoje liga Florianópolis e São José. A Hercílio Luz tem extensão total de 821,005 metros, com vão central pênsil de 339,471 metros, a 30,86 metros do nível do mar.
Veja vídeo sobre a restauração da Hercílio Luz:
Entrevistados
– Departamento Estadual de Infraestruturas de Santa Catarina (Deinfra-SC)
– EMPA (Grupo Teixeira Duarte)
– RMG Engenharia
– Engenheiros civis Hermes Carvalho e Francisco Carlos Rodrigues, pesquisadores do Departamento de Engenharia de Estruturas da UFMG
Contatos
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rmg@rmg.com.br
hermes@dees.ufmg.br
francisco@dees.ufmg.br
Créditos Fotos: Divulgação e James Tavares/Secom
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330