Com ponte mais alta do mundo, China tem outra megaobra
Desde a construção da Muralha da China, os chineses estiveram ligados a megaobras. A partir do início do século 21, quando se tornou uma das potências econômicas, o país passou a colecionar ainda mais construções emblemáticas. Da maior hidrelétrica à maior ponte sobre o mar, passando pela mais longa ferrovia de trem-bala. Agora, os chineses acabam de inaugurar a ponte mais alta do mundo. O empreendimento fica a 565 metros acima do rio Nizhu, entre as províncias de Yunnan e Guizhou. Com 1.341 metros de extensão, a obra precisou de três anos para ser construída e foi inaugurada em 29 de dezembro de 2016.
A nova estrutura rebaixa a ponte sobre o rio Sidu, também na China, para o posto de segunda mais alta – a 500 metros do solo. O território chinês, aliás, tem oito das 10 pontes mais altas do planeta. A tendência é que essas obras superlativas continuem a crescer no país. Nos próximos três anos, o governo chinês vai investir 500 bilhões de dólares para viabilizar 303 novos projetos de infraestrutura, que englobam rodovias, ferrovias e metrô. Uma das metas é fazer com que a China tenha a maior rede de metrô do mundo. Atualmente, existem 2.800 quilômetros em 220 cidades. O objetivo é duplicar essa extensão até 2020.
Shangai, com 570 quilômetros, e Pequim, com 465 quilômetros, já são as cidades com as maiores redes de metrô do mundo. Parte desta obsessão chinesa por grandes obras de infraestrutura se deve a dois fatores: a acelerada urbanização do país e a necessidade de gerar emprego para uma população que se aproxima de 1,5 bilhão de habitantes. Com mão de obra abundante – e cada vez mais qualificada – e investimento maciço em tecnologia e planejamento, a China consegue também ser extremamente ágil em seus cronogramas de obra. A Beipanjiang Bridge, por exemplo, ficou pronta em três anos.
Concreto de alta resistência
Para construir a ponte mais alta do mundo, o engenheiro-chefe da construtora chinesa CCCC Highway Consultants, Liu Bo, afirma que o desafio foi projetar as estruturas de concreto para sustentar os estais que suportam o tabuleiro de 1.341 metros, com vão livre de 718 metros. “Sobre um precipício com mais de 500 metros de altura, a velocidade média do vento pode chegar a 60 km/h, mesmo em um dia ensolarado”, explica. Outro desafio envolveu a logística. “Transportar materiais para o cânion foi muito difícil. Geralmente, transportamos seções montadas. Mas nesse projeto, fizemos o oposto, transportando peças e montando-as no local”, observou Wang Chao, engenheiro-sênior do instituto de planejamento rodoviário do Ministério dos Transportes da China.
Como a ponte foi construída com estrutura mista (aço e concreto), Wang Chao explica que, para montar a estrutura do tabuleiro, a opção foi usar o cantilever por lançamento longitudinal. “Isso também deu agilidade para a obra”, completou. A ponte Beipanjiang, sob a qual cabe um prédio como o One World Trade Center, teve custo de US$ 440 milhões. Todo o desenvolvimento do concreto usado em suas estruturas ocorreu na Universidade de Jiao Tong, em Shangai. O material de alta resistência atingiu 450 MPa após a cura, usando fibras de carbono e aditivos superplastificantes em sua composição. O volume empregado nas estruturas que suportam a ponte chegou a aproximadamente 55 mil m³, segundo registros da universidade.
Entrevistados
– China Communications Construction Company Limited (via departamento de comunicação)
– Ministério dos Transportes da China (via departamento de comunicação)
– Universidade de Jiao Tong (via departamento de comunicação)
Contatos
ir@ccccltd.cn
english@mail.gov.cn
iso.gs@sjtu.edu.cn
Crédito Fotos: Governo da China
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330