Vias do futuro chegam primeiro nas cidades menores
Vias com pavimento intertravado geram 40% de economia em manutenção
Segundo o PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) vias do futuro devem atender a seis requisitos imprescindíveis. Precisam ter durabilidade, baixa manutenção, tecnologia para evitar ilhas de calor, além de ajudar a reduzir o consumo de energia, possuir baixo impacto ambiental e capacidade de reciclagem. No Brasil, há cidades seguindo a orientação do organismo da ONU, mas não são as metrópoles.
Municípios com até 300 mil habitantes, principalmente nas regiões sul e sudeste do país, decidiram adotar políticas de mobilidade urbana que contemplam os conceitos de vias do futuro. Os projetos são completos, como explica o engenheiro civil Alexsander Maschio, gerente regional da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP). “O pavimento é um dos itens, mas têm ciclovias, calçadas, drenagens, galerias, arborização, mobiliário e iluminação, que influenciam na saúde dos cidadãos, na segurança da cidade e no convívio dos moradores”, revela.
Maschio palestrou na edição 2017 do Concrete Show, realizado de 23 a 25 de agosto na cidade de São Paulo-SP. O que as cidades pequenas e de médio porte entenderam é que cada tipo de via tem uma solução adequada, sejam elas de trânsito rápido, arteriais, vias coletoras ou locais. “Não se deve adotar uma solução única para todas as vias”, alerta o representante da ABCP, lembrando que o custo de construção não é o único fator a ser levado em conta.
Para o engenheiro civil, existem outros custos que precisam ser considerados, como custo de manutenção, de reabilitação após a vida útil, custo de impacto sobre os usuários, custo de operação e custo para a economia do município e para a sociedade. “Já imaginou uma via mal projetada e mal construída que precise de manutenção constantemente? O quanto ela vai impactar na vida das pessoas por ter que ser interrompida para o retratamento do pavimento? Quanto custa isso?”, questiona Alex Maschio.
Cidades de médio porte, como Blumenau-SC, se reurbanizaram usando pavimento intertravado em ruas e calçadas
Em qual cidade as pessoas querem morar?
Levando todos esses quesitos em consideração, cidades como Blumenau-SC, Timbó-SC, Francisco Beltrão-PR e Campo Largo-PR, entre outras, estão optando pelo pavimento intertravado com blocos de concreto, em vez do pavimento asfáltico. Para o representante da ABCP, o que pesa nesta decisão é o investimento de longo prazo. “O pavimento asfáltico tem um ganho inicial de 4% no começo, mas o pavimento intertravado acaba custando 40% menos no longo prazo. Por quê? Não precisa de manutenção e tem longa durabilidade. Além disso, agrega a sustentabilidade. Ele gera, em média, economia de 30% em consumo de energia, por causa da refletância. Também impacta nas ilhas de calor, pois absorve até 17 °C menos que o pavimento asfáltico”, relata.
Alexsander Maschio afirma que o desafio é levar as vias do futuro para as metrópoles. Algumas capitais já começam a testar projetos, como Curitiba-PR e Florianópolis-SC. O engenheiro admite que o processo nas grandes cidades é mais lento, mas avalia que os próprios moradores vão impor a mudança. “Na Idade Média, as cidades nasceram para a circulação a pé. A chegada do carro fez com que as cidades fossem invadidas. A prioridade aos veículos levou os pedestres a abandonar as ruas. Agora, é a hora de recuperar as cidades para quem mora nelas, que são as pessoas”, finaliza.
Alexsander Maschio, da ABCP-Sul, no Concrete Show: vias do futuro pensam primeiro no pedestre
Entrevistado
Engenheiro civil Alexsander Maschio, gerente regional da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) (com base em palestra concedida no Concrete Show 2017)
Contato
alexsander.maschio@abcp.org.br
Crédito Fotos: Divulgação, Prefeitura de Blumenau e Cia. de Cimento Itambé
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330