Como 4 cidades brasileiras estão impulsionando a inovação no país
“Tecnologia, inovação e ciência já fazem parte do nosso contexto”, diz Luis Paulo Loreti, diretor da Secretaria de Inovação e Desenvolvimento Econômico da Prefeitura de São José dos Campos, durante um evento realizado pelo instituto de pesquisa WRI. A cidade foi considerada pela Endeavor como a mais inovadora do Brasil. O título foi conquistado, em grande parte, graças ao Parque Tecnológico de São José dos Campos, que possui mais de 300 empresas e instituições de ensino e pesquisa e cerca de 6 mil pessoas transitando diariamente. Desde a sua criação, o local já recebeu R$ 1,9 bilhão em investimentos.
Além do Parque, a cidade registra outras iniciativas de inovação. “Com a ajuda de startups, desenvolvemos diversas soluções e aplicativos”, ressaltou Loreti. Um deles é o Cidade Limpa, app desenvolvido exclusivamente para a Prefeitura de São José dos Campos para denúncias de pichações e descarte irregular de lixo e entulho. Pelo celular, o usuário indica qual é o flagrante, ativa a opção de GPS e registra fotos os vídeos. A ferramenta funciona 24 horas por dia e as ocorrências são registradas em uma central de gerenciamento administrada pelo Departamento de Fiscalização e Posturas Municipais (DFPM).
No ano passado, a Prefeitura também lançou o programa “São José na palma da mão”, com 10 aplicativos gratuitos que envolvem as áreas de saúde, mobilidade urbana, esportes, segurança pública e manutenção da cidade. Já na área ambiental, a cidade assinou contrato com a Visiona Tecnologia Espacial, que presta serviços de monitoramento por satélite e detecção de mudanças no território. “Conseguimos identificar rapidamente qualquer desmatamento ou construção ilegal”, contou Loreti.
Incentivo às startups
Além de São José dos Campos, outras três cidades estão liderando a inovação no Brasil. Uma delas é Florianópolis. Hoje, ela possui um Conselho Municipal de Inovação com 36 membros que deliberam o uso do orçamento para qualquer iniciativa que afete o município, além de um Programa de Incentivo Fiscal à Inovação.
Segundo Marcus Rocha, superintendente de Ciência, Tecnologia e Inovação da Prefeitura da cidade, o projeto funciona como uma lei Rouanet da inovação. “O programa permite que as startups recebam até 20% do ISS e IPTU dos impostos pagos pelas empresas”, explicou o executivo. Desde 2018, foram cerca de R$1 milhão investido em oito startups. “Muitas delas já estão dando retorno. A Smart Tour, por exemplo, está atendendo em cinco municípios”, exemplificou Marcus. A startup cria rotas turísticas inteligentes com o uso de Internet das Coisas.
O executivo ainda citou a Rede de Inovação de Florianópolis, que abriga quatro Centros de Inovação da ACATE (Associação Catarinense de Tecnologia). O objetivo é estimular e escalar negócios inovadores no município. Ao todo, já foram 210 eventos realizados, 222 empreendedores atendidos e 33 capacitações realizadas.
Inovação aberta
Na lista de cidades inovadoras, São Paulo não poderia ficar de fora. Uma das iniciativas promovidas pela cidade é o Pitch Sampa, programa de inovação realizado pela Prefeitura para solucionar desafios urbanos de forma rápida. Na edição deste ano, são dois desafios propostos: Como verificar, de forma automatizada, a qualidade das respostas dadas ao cidadão por meio do SP156 e Como automatizar e otimizar, de forma segura, o monitoramento das unidades dos Telecentros.
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Para cada desafio, o PitchSampa oferece mentorias de servidores e gestores públicos para potencializar o desenvolvimento dos projeto. As startups também têm oportunidade de usar o espaço público para validação e prototipação de sua solução.
“Entendemos que a inovação aberta é uma prática importante para trazer soluções mais interessantes para o sistema público. Queremos inovar para resolver problemas públicos”, disse Felipe Maruyama, diretor técnico de apoio ao empreendedorismo inovador da Secretaria Municipal de Inovação e Tecnologia da Prefeitura de São Paulo.
Porto digital
A cidade de Recife também abriga um dos principais parques tecnológicos do Brasil. O Porto Digital atua em três principais eixos: fortalecimento do sistema local de ciência, tecnologia e inovação; geração, desenvolvimento e atração de negócios para a cidade e estruturação de ambientes sustentáveis. “O objetivo do Porto é executar políticas de inovação e ciência. Além disso, temos um trabalho de revitalização de muitos prédios”, explicou Pedro Guedes, assessor técnico da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Tecnologia e Inovação da Prefeitura de Recife.
Hoje, o parque abriga mais de 300 empresas e cerca de 9 mil trabalhadores. Desde sua fundação, em 2000, o Porto Digital já restaurou 84 mil metros quadrados de imóveis históricos. Além disso, são mais de 50 startups incubadas e em aceleração neste ano. Em maio de 2016, o parque também inaugurou o L.O.U.Co (Laboratório de Objetos Urbanos Conectados), laboratório para criação, desenvolvimento e prototipagem rápida de soluções que melhorem a qualidade de vida das pessoas nas cidades.
Anualmente, a cidade também promove o REC 'n'Play. Durante quatro dias, são oferecidas atividades, workshops, palestras, painéis e rodadas de negócio com especialistas de tecnologia em diversos pontos de Recife. Segundo Pedro, o evento é chamado de “carnaval do conhecimento”.
Para o restante do ano, segundo o executivo, o objetivo é investir ainda mais em iniciativas de inovação. Uma delas é o Living Lab, espaço focado em Internet das Coisas e soluções para problemas urbanos com prototipagem no espaço público. “Planejamos formar quatro turmas com um calendário associado ao REC ‘n’ play”, disse Pedro.
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Isabella Carvalho
Isabella Carvalho é repórter da StartSe.