Até onde chegarão os edifícios em concreto pré-moldado?
Edifício residencial em Londres: estrutura de 18 pavimentos foi montada em tempo recorde de 25 semanas
Crédito: fib
A The Breaker Tower, inaugurada em 2015, no Bahrein, é atualmente o maior edifício do mundo construído 100% com concreto pré-moldado. A obra tem 165 metros de altura, mas em breve perderá esse título. Está em construção na Holanda uma torre que alcançará 200 metros, e que também terá 100% de suas estruturas em pré-fabricado. Para o engenheiro-projetista britânico George Jones, coordenador do GT 6.7 (grupo de trabalho) de Edifícios Altos Pré-Fabricados da fib (International Federation for Structural Concrete), atualmente a tecnologia pode viabilizar torres com até 300 metros de altura, com ampla segurança.
Segundo Jones, a evolução dos pré-moldados está permitindo erguer prédios altos com grande velocidade. Ele citou o caso de uma edificação em Londres-Inglaterra, com 18 pavimentos e 1.000 apartamentos, e que em 25 semanas teve a sua estrutura montada. O engenheiro britânico avalia que a tecnologia só precisa vencer a dificuldade de transporte para se tornar dominante na construção de prédios altos até 300 metros. “Deslocar grandes volumes de peças em concreto pelos centros urbanos é um desafio que a indústria do pré-moldado aos poucos está conseguindo superar. De que forma? Projetando estruturas mais simples e mais esbeltas”, revela.
De acordo com George Jones, outro grande passo dado pela indústria de pré-fabricados de concreto é que esse é o setor da construção civil que mais avança com a produção automatizada de peças. “Na Europa Ocidental diria que esse é um processo consolidado, e que evolui para outros elementos da obra, como as fachadas com função estrutural. Também cresce a integração do pré-moldado com o aço”, diz. O engenheiro-projetista britânico aproveitou sua palestra no ENECE 2019 para fazer um relato da evolução da cadeia produtiva da indústria do concreto pré-fabricado. “Hoje não há o que não possa ser construído com essa tecnologia”, assegura.
Quinze cases de prédios altos inovadores, construídos em 12 países
George Jones: tecnologia só precisa vencer a dificuldade de transporte para se tornar dominante na construção de prédios altos até 300 metros
Crédito: Cia. de Cimento Itambé
Para comprovar o que disse, George Jones mostrou 15 cases de prédios altos inovadores, localizados em 12 países, e que utilizam pré-moldados. Entre as obras, estão o Bella Sky Hotel, em Copenhague-Dinamarca, com paredes, painéis da fachada e lajes. A edificação ganhou o prêmio fib 2014 de estruturas de concreto. As demais edificações são: Dexia Tower, em Bruxelas-Bélgica, com colunas, vigas e lajes pré-moldadas; Breaker Tower, no Bahrein, onde o edifício todo é estruturado com pré-fabricados; Urban Dock Park, na região de Tóquio-Japão, com vigas, colunas e lajes resistentes a abalos sísmicos; Deux Tower, também em Tóquio-Japão, com colunas, vigas e lajes alveolares, e Tampere Tower Hotel, em Helsinque-Finlândia, com painéis-sanduíche nas paredes, para desempenho térmico e acústico da edificação.
No Brasil, o engenheiro selecionou o edifício Parque da Cidade, em São Paulo-SP, que possui um estacionamento subterrâneo com 6 pavimentos, construído com estruturas pré-moldadas. Também foram citados o Conjunto Paragon, em Santa Fé-México, que utiliza painéis côncavos e convexos no revestimento da fachada; Hospital North Western Memorial, em Chicago-EUA, que possui fachada com painéis protendidos, painéis-sanduíche nos pavimentos das garagens e painéis-portantes nos demais andares do edifício; Centro Médico Erasmus, em Roterdã-Holanda, que foi totalmente construído com pré-moldados; The Paramount, em São Francisco-EUA, com 128 metros de altura e fachada antissísmica; Premier Tower, em Melbourne-Austrália, com colunas e megacoluna central; Austrália 108 (em construção), em Melbourne-Austrália, com 317 metros de altura e que possui painéis e colunas pré-fabricadas; Seismic Resistant, em Xangai-China, com vigas e colunas pré-moldadas, e Torre de Cristal, em Madri-Espanha, com 250 metros e lajes protendidas.
Entrevistado
Reportagem com base na palestra “O que é possível fazer com o concreto pré-moldado em edifícios altos?”, do engenheiro-projetista britânico George Jones, coordenador do GT 6.7 (grupo de trabalho) de Edifícios Altos Pré-Fabricados da fib (International Federation for Structural Concrete), no ENECE 2019