CORONAVÍRUS COLOCA EM DÚVIDA SE A POLÍTICA DA PETROBRÁS DE FOCAR APENAS EM PRODUÇÃO É A MAIS CORRETA PARA EMPRESA
O Coronavírus, que está sacudindo a economia mundial pelo pescoço, pode estar dando a possibilidade para a Petrobrás analisar se a sua opção de negócios, de vender tudo e focar apenas na exploração e produção, é a melhor estratégia. A empresa está focando os seus negócios principalmente neste segmento, em detrimento do investimento em outros setores. A justificativa que a demanda mundial por petróleo vai diminuir em algumas décadas e, por isso, é preciso vender logo o que se tem, também pode ser um risco. Isso significa que todos os investimentos paralelos, que forjaram a antiga máxima da companhia, “Do Poço ao Posto”, ficou mesmo para trás. Mas será mesmo que essa decisão política está certa? Quem viver, verá. O importante é estar aqui para responder pelas consequências. Sejam elas quais forem. Vaias ou aplausos.
O cenário atual mostra que a estratégia pelo menos precisa ser revisitada. Se um vírus na China, do outro lado do mundo, faz o preço do barril de petróleo despencar ao nível de ontem(11), quando fechou com uma queda de 20% em relação aos preços de janeiro, isso representa que a empresa passou a ganhar bem menos. E se isso se mantiver, cada vez mais, ganhará menos. Se hoje a Petrobrás só dependesse de sua produção, a companhia estaria em palpos de aranha. Na segunda, o barril fechou em torno de US$ 54. Ontem, US$ 49. E não há sinal de ações da OPEP que possam reverter este quadro e deter a queda. Ninguém cortou a produção. Só em março é que os ministros estarão FPSO_Cidade_do_Rio_de_Janeiro_MV14reunidos em Viena para decidir o que fazer. Ate lá, é torcer para as coisas na China não piorarem e o gigante asiático voltar a consumir.
Os contratos futuros do petróleo recuaram devido à fraca demanda chinesa após o surto de coronavírus, enquanto os operadores esperavam para ver se a Rússia se juntar a outros produtores na busca por cortes adicionais na produção. Há excesso de oferta, isso é inegável. A pergunta que vale bilhões de dólares é: quando a epidemia chinesa irá ser superada? Quanto tempo demorará? Quando se olha as informações e se percebe o tamanho da mobilização e o investimento para se construir um hospital gigantesco em dez dias, dá para pensar. A coisa pode ser ainda pior do que se imagina ou do que as notícias apresentam. O que se sabe é que as mortes se acumulam a cada dia. E a população está em pânico. Não há sinais de arrefecimento na epidemia. Ela ainda está fora de controle. Vacinas, disse a OMS, só em um ano e meio. Cura? Quem sabe ?
Os analistas de mercado dizem que ainda não está clara a proporção do impacto da epidemia no mercado de petróleo. Se o surto continuar a ser um fator na segunda metade do ano, ele poderia não só acabar com o aumento da demanda da China por petróleo, mas também reduzir as expectativas pelo crescimento da demanda global em mais de 50%.
Um comitê técnico da Opep está recomendando a extensão dos cortes adicionais na produção de petróleo até o fim de 2020. O comitê também sugeriu uma redução maior nas ofertas até o segundo trimestre deste ano, mas a decisão final será mesmo tomada apenas nos dias 5 e 6 de março. Até lá, o conselho de administração da companhia terá algum tempo para reavaliar a decisão de se colocar todos os ovos no mesmo cesto é a política certa para uma grande companhia de petróleo, como é a Petrobrás.