Onde as crianças brincarão? Como projetar cidades estimulantes e seguras para a infância
Cities for Play é um projeto cujo objetivo principal é de inspirar arquitetos, urbanistas e planejadores urbanos a criarem cidades estimulantes, respeitosas e acessíveis às crianças.
Natalia Krysiak é uma arquiteta australiana que acredita que as necessidades das crianças devem ser colocadas como ponto central no desenho urbano para assegurar comunidades resilientes e sustentáveis. Em 2017, criou Cities for Play que estuda exemplos de cidades que se preocupam em proporcionar ambientes que são capazes de promover a saúde e o bem-estar (físico e emocional) das crianças com foco nas brincadeiras e na "mobilidade ativa" de espaços públicos.
Children playing in courtyard in Antwerp. Image via Cities for Play. Designing Child Friendly High Density NeighbourhoodsChildren playing in courtyard in Antwerp. Image via Cities for Play. Designing Child Friendly High Density Neighbourhoods
'Em minha carreira como arquiteta, sempre fui fascinada por como o projeto de cidades e bairros pode afetar o dia-a-dia das crianças. Isso vem do fato de que, quando criança, meus pais viajaram muito e, por isso, tive a oportunidade de conhecer muitos bairros e casas diferentes (...). Todo novo ambiente teve um grande impacto na minha infância - restringindo ou possibilitando oportunidades de brincar com segurança ao ar livre, ir à escola e socializar com outras crianças do bairro. Esses foram elementos importantes para minha infância, possibilitando o desenvolvimento de habilidades como independência, habilidades sociais, criatividade, empatia e instilando um sentimento de pertencimento a uma comunidade. (...) As experiências e a exposição a várias cidades que tive quando criança me levaram a acreditar que, juntamente com uma boa política social, o ambiente construído pode ter um efeito profundo na saúde, no bem-estar e na felicidade de nossos cidadãos mais jovens e com muito mais atenção. pago sobre como isso pode ser feito'. – Natalia Krysiak
Com o apoio da Churchill Fellowship, Natalia Krysiak, visitou nove cidades do mundo e compartilhando as maiores lições que cada uma delas sobre a construção de cidades "amigas das crianças": As cidades são: Singapura, Hong Kong, Tóquio, Londres, Antuérpia, Roterdã, Amsterdã, Toronto e Vancouver. Você já pode conferir suas impressões sobre as cinco primeiras em seu blog, clicando
aqui.
Children playing outside school in Amsterdam. Image via Cities for Play. Designing Child Friendly High Density NeighbourhoodsChildren playing outside school in Amsterdam. Image via Cities for Play. Designing Child Friendly High Density Neighbourhoods
'Se eu pudesse transportar todas as crianças do mundo para uma única cidade, eu as transportaria para uma cidade que considera as experiências cotidianas das crianças como um componente vital de uma sociedade próspera e bem-sucedida. Um que visa proporcionar às crianças a riqueza de brincadeiras ao ar livre, interações sociais e um sentimento de pertencer às suas comunidades como um direito de toda criança'. – Natalia Krysiak
Para fortalecer seu discurso sobre o tema, Natalia participa de diversos eventos que estudam a inserção das crianças em escala urbana. Sobre isso, pedimos que ela nos contasse os bastidores dessa discussão:
'A partir de uma perspectiva do ambiente construído, uma das maiores barreiras que contribuíram para o declínio das brincadeiras infantis na vizinhança foi o aumento do tráfego de carros, juntamente com o número reduzido de espaços informais para brincadeiras nas vizinhanças. O domínio dos carros em nossos bairros teve um efeito particularmente desmobilizador na mobilidade ativa das crianças; reduzindo suas oportunidades de brincar, socializar e acessar suas comunidades de forma independente. Os espaços que tradicionalmente são usados ??pelas crianças para brincar, como ruas, calçadas ou terrenos vazios, estão diminuindo devido ao aumento do tráfego, às exigências de estacionamento e aos valores mais altos da terra. À medida que nossas cidades continuam a se densificar e o espaço aberto se tornar cada vez mais valioso, é vital que a prioridade das brincadeiras e mobilidade ativa das crianças seja incorporada na política de planejamento para garantir que todas as crianças tenham liberdade para brincar à porta e caminhar ou andar de bicicleta para a escola.
Existem alguns exemplos em que as cidades levaram essa responsabilidade muito a sério'. – Natalia Krysiak
O exemplo e Londres
Em entrevista, Natalia nos relatou que a cidade de Londres, por exemplo, possui uma política de planejamento que exige que novos empreendimentos residenciais (com 20 unidades ou mais) forneçam 10 metros quadrados por criança de espaço aberto (de acordo com "Shaping Neighbourhoods: Children and Young People's Play and Informal Recreation, City of London, 2011"). O cálculo deve ser feito baseado no número esperado de crianças que viverão em cada empreendimento.
Para ela (e para nós) políticas como essa são necessárias para salvaguardar o espaço de brincar em nossas cidades em rápido crescimento e garantir que o direito das crianças a brincar livremente seja priorizado.
Onde As Crianças Brincam?
Projetando cidades compactas e amigas das crianças
Where do the children play?Este material é dividido em três partes: introdução, estratégias de projeto e conclusão. Além de prover ferramentas úteis ao projeto de espaços públicos compactos e respeitosos às crianças, esta publicação é super interessante por traçar um panorama da relação cidade-criança, bem como apresentar os benefícios dela para todas as partes: comunidade, criança e cuidadores.
Introdução
- Incorporando as necessidades das crianças nas cidades.
- Um tecido urbano em transformação e a ascensão de famílias verticais.
- Por que focar nas brincadeiras das crianças e na mobilidade independente?
- Como podemos projetar cidades mais "child-friendly" ?
Estratégias de Projeto
- Facilitar a brincadeira por todo o espaço público
- Conectar escolas a espaços públicos
- Brincar entre unidades habitacionais de alta densidade
- Planejar rotas seguras
Conclusão
- Estudos de caso
- Sumário e recomendações
- Referências
Projetando Bairros de Alta-Densidade para Crianças
Transformando nossas cidades para a saúde, o bem-estar e a felicidade das crianças
Esta publicação de 116 páginas aborda o relatório final com os estudos de caso das cidades visitadas pela iniciativa em parceria com a Churchill Fellowship. O relatório explora os tipos de intervenções e políticas que essas cidades estão implementando com o objetivo de melhorar a qualidade de vida das crianças e suas famílias em ambientes urbanos. Em suas 116 páginas, o documento se organiza em cinco partes distintas: contexto, projetos de intervenção (estudos de caso que mostram intervenções de design no ambiente físico que incentivam a liberdade cotidiana das crianças a serem ativamente móveis, brincar, socializar, pertencer e se conectar ao ambiente natural e construído), intervenções programadas (estudos de caso que mostram intervenções programadas no ambiente físico para estimular a mobilidade, a brincadeira, a socialização e a agência ativas das crianças), contexto político, recomendações e conclusões.
Intervention Projects
- Neighborhood scale
- Building scale
Contexto
- Uma História de Infância
- Introdução
- Por que isso é importante?
- Indivíduos e organizações entrevistados
- Estrutura do relatório
Projetos de Intervenção- Escala do bairro
- Escala do edifício
Para finalizar, nós pedimos para Natalia deixar uma mensagem aos arquitetos que nos leem (e obviamente estão interessados nesse tópico), e ela deixou a seguinte mensagem:
'Quando pensamos em algumas das melhores lembranças de nossa infância, essas são muitas vezes as que passamos brincando ao ar livre; escalando árvores, mergulhando em poças e andando com os amigos para a escola. Essas experiências não são triviais, mas, de fato, componentes vitais para o desenvolvimento das crianças; promover a saúde física e mental, bem como o bem-estar emocional. Acredito que é nossa responsabilidade como arquitetos e planejadores garantir que o projeto dos espaços públicos considere as experiências vividas de nossos cidadãos mais jovens, priorizando as oportunidades das crianças de brincar livremente ao ar livre, caminhar de forma independente e sentir um sentimento de pertencimento e propriedade em suas comunidades. Imagine se todos os planejadores urbanos fizessem uma pergunta simples antes de enviar um aplicativo de desenvolvimento: 'Onde as crianças brincam?' Quão diferentes podem ser nossas cidades?' – Natalia Krysiak
Você pode acessar essas publicações gratuitamente e ter mais informações sobre esse incrível projeto clicando
aqui.