Arenas brasileiras encantam arquitetura mundial
Dados divulgados pelo governo federal mostram que a Copa do Mundo teve um custo de R$ 25,6 bilhões, dos quais R$ 21,4 bilhões bancados pelos cofres públicos. Deste valor, R$ 7,09 bilhões foram para as construções e reformas dos 12 estádios que sediaram jogos do mundial. Apesar dos gastos considerados excessivos, houve um legado: a arquitetura das arenas. Boa parte delas arrancou elogios de renomados arquitetos estrangeiros, como mostrou recentemente o site norte-americano especializado em negócios International Business Times. Profissionais norte-americanos e europeus foram unânimes: o Brasil conseguiu construir arenas que unem conforto, sustentabilidade e arquiteturas inovadoras.
Arena das Dunas: pétalas maciças de alumínio na cobertura ganharam destaque internacional.
Entre os elogios, destacaram as arenas do Amazonas, do Rio Grande do Norte e de Cuiabá – justamente estádios que depois da Copa podem ficar ociosos. “Eles conseguiram fugir do lugar comum que tem sido visto no design de estádios pelo mundo afora. Além disso, são construções sustentáveis, que aproveitam a ventilação natural para promover o fluxo de ar dentro das instalações”, elogia Chris Lamberth, diretor de desenvolvimento do escritório 360 Architecture, uma empresa de design norte-americana sediada em Kansas City. “É muito bom ver diferentes arquitetos interpretarem diferentes elementos de design. Você vê expressões singulares nos projetos destes edifícios”, completa Lamberth.
Concreto, aço e alumínio
Para David Lizarraga, designer e sócio sênior da Populous Architects – outro escritório com sede nos Estados Unidos -, o desafio do Brasil será manter os estádios após a Copa do Mundo. “As pessoas no Brasil não estão acostumadas a isso. Os estádios estão agora se tornando destinos para entretenimento. Não era o caso no passado. As pessoas iam para o jogo e saiam logo depois. Agora, é possível ir duas horas antes do jogo e permanecer no estádio duas horas depois. Mas para que isso se sustente, é preciso saber manter as estruturas depois que a Copa for embora”, frisa. Lizarraga comparou as inovações arquitetônicas às obtidas pela China nos equipamentos que sediaram os jogos olímpicos de Pequim em 2008. “Tanto na China como no Brasil, houve a coragem de investir em novos materiais para compor estruturas”, diz.
Arena Amazônia: cobertura em aço imita cesto de vime e sensibiliza arquitetos e designers.
Mas o concreto não foi esquecido. Assim como o Estádio das Dunas, em Natal-RN, com suas “pétalas maciças de alumínio”, e a Arena da Amazônia, em Manaus, com suas estruturas de aço que lembram um cesto de vime, o Estádio Nacional de Brasília, com suas múltiplas colunas de concreto aparente, também é destacado pelos especialistas. “Ele remonta aos desenhos do famoso arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer. É uma espécie de herança de Brasília”, avalia Leonardo Finotti, que veio especialmente ao Brasil para ver de perto as construções erguidas para a Copa. “Eu estava muito pessimista sobre os estádios. Mas, depois de vê-los, estou feliz”, confessa, fazendo coro com profissionais internacionais da arquitetura e do design, que decretam: os novos estádios brasileiros ganharam a Copa.
Estádio Nacional de Brasília: colunas de concreto seguiram a escola de Niemeyer.
Créditos Fotos: Canindé Soares/Secopa-RN/Divulgação/Secopa-AM/Secopa-DF
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330