Logística do país é inadequada
No primeiro dia da reunião dos Brics, grupo de países formado por Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul, realizada ontem (14/07), em Fortaleza, especialistas em comércio exterior dos setores de agronegócio e indústria em Minas criticaram a logística do país. Segundo eles, as exportações brasileiras poderiam ser maiores se o país tivesse infraestrutura adequada. Só que o problema não está apenas nas estradas precárias, ferrovias e portos inadequados.
Eles ressaltam que os altos custos que incidem na produção reduzem a competitividade dos produtos nacionais fora do país. Os problemas, muitas vezes, estão concentrados do lado de fora da porteira, frisa o superintendente do Instituto Antonio Ernesto de Salvo (Inaes), da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Pierre Vilela.
Ele observa que os produtores brasileiros pagam mais caro por insumos - como é o caso do adubo e também maquinário - do que os concorrentes norte-americanos. A culpa é da elevada carga tributária brasileira. Também convivemos com problemas históricos de rodovias inadequadas e falta de investimento em ferrovias. Aliás, o governo brasileiro inaugura porto em Cuba, enquanto que aqui a estrutura dos portos deixa a desejar, frisa.
Vilela critica a burocracia e ressalta que é necessário realizar uma reforma trabalhista. Para ele, as legislações devem ser simples e pautadas na realidade dos setores. Ele conta que a federação está elaborando listas de prioridades para entregar aos candidatos ao governo mineiro. Agora, no que refere-se às exportações, o governo federal é que acaba tendo participação mais efetiva, observa.
O consultor de negócios internacionais da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Alexandre Brito, observa que o bom resultado do comércio internacional depende de diversos fatores. O cenário externo não tem como o governo controlar, mas ele pode ajudar internamente, por exemplo, com melhoria das estradas e portos. O custo com transporte é alto no Brasil, observa. Para ele, uma das demandas do setor exportador é a simplificação fiscal. Não há incidência de ICMS para os produtos que são exportados, mas na cadeia produtiva, sim. Isso, claro, impacta nos custos e torna os produtos nacionais menos competitivos, diz.