Logotipo Engenharia Compartilhada
Home Notícias As prioridades tortas dos inocentes que querem mudar o mundo

As prioridades tortas dos inocentes que querem mudar o mundo

Época Negócios - 16 de julho de 2014 1522 Visualizações
 As prioridades tortas dos inocentes que querem mudar o mundo
Inovação é sinônimo de aumento de produtividade; riqueza só vem de aumentos sustentáveis de produtividade; portanto, inovação é sinônimo de riqueza nova (não dinheiro, riqueza). Tirando Cuba, Coreia do Norte e (poucos) outros cantos escuros do mundo, ninguém discorda disso.
A APPLE não é inovadora porque produz coisas mais bacanas, ela é inovadora porque é capaz de produzir mais coisas bacanas usando inputs menos custosos do que seus competidores. A DELL foi líder mundial durante muitos anos porque produzia e vendia PCs iguais aos de todo mundo, usando inputs menos custosos do que os dos outros.
São indivíduos que produzem inovação, não governos. Governos se interessam por emprego hoje, taxa de juros hoje, PIB hoje, IBOPE hoje, eleições hoje, etc…
Israel talvez seja o país mais inovador do mundo, em boa parte, por abrigar imigrantes russos – bem educados e preparados – que não podiam ganhar dinheiro na União Soviética. Em Israel podem e ganham. É sempre o indivíduo livre para ganhar ou perder, não é o estado.
Esses empreendedores não são altruístas – eles arriscam por ambição de criar um “império particular”, como alguém já disse. São eles (os poucos que dão certo) que, com o tempo, originam a concentração da renda. Sem eles nada haveria a ser concentrado.
Em empresas do estado ninguém se preocupa com o risco de darem errado, porque essa perspectiva é remotíssima – o “estado” as salvará numa emergência. Em empresas assim há um brutal incentivo para que se “toque a bola pro lado” sem fazer marola, sem correr risco; e é exatamente isso o que ocorre. Aumento de produtividade é um tema inexistente em empresas do estado (só existe de boca).
Indivíduos só empreendem quando são livres para buscar três coisas muito interligadas: riqueza, poder e prestígio – coisas bem mundanas…
Um empreendedor é um ambicioso “do bem”. Já estou ouvindo resmungos: “quer dizer que vale tudo para conquistar dinheiro poder e prestígio? Onde essa ambição desmedida vai nos levar”?
Quem disse que vale tudo, cara pálida? Claro que não vale tudo. O empreendedor busca dinheiro/ poder/ prestígio por meio de uma única via: criando coisas que o mundo queira comprar. Ele quer ficar rico, mas só se sentirá legítimo se for reconhecido por um mercado legítimo. Ele opera dentro da lei porque é só isso que lhe dá o prazer que busca: prestígio social conferido pela opinião estabelecida oficialmente, não pela marginália.
Se o mundo não reconhece a inovação do empreendedor, ele perde. Aliás, a esmagadora maioria deles perde. É o prazer de ficar rico legitimado por um mercado legítimo que move o empreendedor. Se fosse só dinheiro, ele iria assaltar banco ou traficar.
Nesse sentido – e só nesse – é que “greed is good”. O “drive” para ficar rico produz o bem comum quando opera dentro dos limites da lei. Gera aumentos de produtividade porque gera riqueza nova continuamente. Faz o país se desenvolver. Acho esse negócio de empreendedorismo o máximo, mas não gosto do papo politicamente correto que omite o que um empreendedor é de fato: tremendamente autocentrado. Um obcecado monotemático, mas sua ação, se vitoriosa, muda o mundo para melhor. É assim. Ei professores de empreendedorismo, parem de enrolar a rapaziada dando a entender que empreendedorismo é profissão. Profissão é bancário, funileiro, engenheiro, advogado, consultor, escritor (hehe). Empreendedor não. Empreendedorismo é atitude diante do risco.
O Brasil tem um grande problema aqui: esse endeusamento dos pobres/periféricos/vitimizados. Essa é uma das maiores empulhações brasileiras.
Culturalmente, os brasileiros desprezam “rico” e aplaudem “pobre”. Fazem “rico” se sentir envergonhado, constrangido (se for banqueiro ou membro do agronegócio então…). Quer tirar uma onda discursando para alguma minoria (ou mesmo, maioria)? Ataque os ricos. Quer passar uma imagem politicamente bacaninha? Engajada? Vanguardista? Defenda os excluídos (pobres, negros, índios…) botando sempre a culpa nos ricos. Quer sair bem na foto? Enalteça a “periferia”, sempre deixando claro que os artífices de sua exclusão são os ricos. Esse discurso é falso e cria motivação anti-empreendedora.
A leitura de Thomas Picketty tem levado a uma retomada desse discurso “pobrista”. Pelo que li, ele não defende nada disso, mas seus interpretes sim. A falta grave de Picketty é não enfatizar o empreendedorismo, o motor da geração de riqueza. Sem a ação empreendedora nada haverá para ser distribuído. É certo que ela – ação empreendedora – gera concentração de renda, mas isso significará que devemos combater o empreendedorismo por causa disso? Jogar fora o bebê junto com a água do banho? Claro que não. O que se deve fazer é regular o sistema para impedir distorções, como sempre se fez, aliás. Basta lembrar-se das mazelas que a revolução industrial trouxe e de como elas foram superadas; ou dos problemas de concorrência desleal pela concentração de poder dos barões do capitalismo via monopólios e oligopólios, idem. Ou das falcatruas da Enron, idem… etc…
Quem quer mudar o mundo deve entender o que produz riqueza, e o que é efeito colateral no processo de produzi-la. Em seguida, deve estabelecer as prioridades certas para que a riqueza possa ser sustentável sem distorções intoleráveis.