Modelo de gestão diferencia Roterdã
O Porto de Roterdã, nos Países Baixos, o principal complexo marítimo do mundo ocidental, tem grandes semelhanças com o Porto de Santos. E também uma grande diferença: seu modelo de gestão, segundo o diretor do Porto de Rotterdam Participações do Brasil Ltda (a filial brasileira da administração portuária), Peter Lugthart.
Ele e o diretor de Negócios da autoridade portuária, Frans Jan Hellenthal, abordaram a experiência de Roterdã na solução de seus problemas operacionais durante palestra que apresentaram na quarta-feira passada, no segundo e último dia da 12ª edição do Santos Export - Fórum Internacional para a Expansão do Porto de Santos, que aconteceu no Hotel Sofitel Jequitimar, em Guarujá. O evento foi uma iniciativa do Sistema A Tribuna de Comunicação e uma realização da Una Marketing de Eventos.
De acordo com Lugthart, o governo holandês tem 30% da autoridade portuária. Os outros 70% são das cidades onde o porto se encontra. Nessa empresa, as decisões administrativas são tomadas por três diretores, que respondem a um conselho de administração.
Segundo o executivo, as principais responsabilidades da Autoridade Portuária de Roterdã são o desenvolvimento, a construção e o gerenciamento da área portuária. A busca constante é pela eficiência e a navegação segura dentro dos canais do complexo.
“O nosso canal de acesso tem 55 quilômetros. Lá, é feito dragagem 24 horas por dia, sete dias por semana, 365 dias por ano, continuamente. E nós temos três diretores que, junto com os 1.200 colaboradores, decidem o que vão fazer. Eles se justificam para um conselho de administração. Essa é uma grande diferença de estrutura organizacional não só em comparação com Santos mas com tudo no Brasil”.
Regulações
Questionado sobre a atuação de órgãos reguladores no porto holandês, Lugthart disse que há uma “intensa” fiscalização no país europeu. “Na Holanda, também temos muitas agências reguladoras em vários aspectos. Temos, por exemplo, a equivalente à Anvisa (Agência Nacionalde Vigilância Sanitária). Temos também, dentro do ministério dos transportes, um departamento que se dedica à área portuária, à defesa em geral, que também emite regras. Tem uma certa semelhança entre a forma de organização na Holanda e no Brasil, porém a execução dos investimentos tem um pouco de diferença por conta do nosso know-how”.
Com a experiência de atuar em um porto criado há seis séculos, em 1400, o executivo garante que a interlocução é o caminho para a solução dos problemas do complexo santista. “O Porto de Santos está no caminho certo. O que a gente está vendo hoje em dia é que várias partes envolvidas na busca das soluções estão dialogando entre elas. Eu acho que isso já é um grande avanço que nós podemos observar um pouco de longe, observando todas essas mudanças que acontecem em Santos”.
A receita de Roterdã é de cerca de € 60 bilhões ao ano. O total dedicado a investimentos chega a € 200 milhões – uma parte desse montante vem do lucro do complexo, que também explora cinco refinarias de petróleo.