Mauro Borges: Indústria e balança terão resultados melhores em 2015
SÃO PAULO - A economia brasileira está fraca e perdeu dinamismo, mas os piores momentos já passaram e na segunda metade deste ano e em 2015 deverá retomar taxas melhores de crescimento, avalia o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Mauro Borges, que participou nesta segunda-feira de evento com empresários em São Paulo.
“O fundo do poço da desaceleração já aconteceu, temos vários sinais de melhora, e a indústria será a maior beneficiária desse processo”, disse ele, quando perguntado quais as projeções do governo para o crescimento da produção industrial neste ano, um dos eixos que apresenta os piores resultados no quadro econômico geral.
“O governo não tem metas para a indústria, que sofre muita influência de componentes exógenos. Temos expectativas e elas são positivas.”
Borges disse que os níveis dos estoques da indústria - que acumularam volumes elevados com o aperto na demanda no primeiro semestre - hoje já são bem menores.
“A demanda agregada está sendo retomada aos poucos. Uma coisa é ter uma rodovia sendo feita, outra coisa é ter um conjunto de obras em andamento. Isso está sendo retomado e alavancará um crescimento mais forte, principalmente a partir de 2015.”
É também para 2015 que o ministro transporta a esperança de melhora nos resultados da balança comercial brasileira.
“O saldo da balança será igual ao do ano passado, que foi não foi significativo. Mas estamos preparando o terreno para que melhore já no ano que vem”, disse Borges.
Entre as ações do governo, o ministro destacou ao longo de sua apresentação a intenção de fortalecer a relação comercial com parceiros estratégicos, como Estados Unidos, Europa e China, e a aprimoração dos processos de concessão à iniciativa privada dos projetos de infraestrutura, que devem impulsionar os investimentos.
Baixa produtividade
De acordo com o ministro, o que permitiu o crescimento econômico do país na primeira década deste século foi o aumento na força de trabalho, que “foi muito pouco acompanhado de aumento na produtividade”. E a fraqueza da produtividade é hoje um dos principais pontos que impedem o país de crescer mais.
Segundo Borges, a produtividade no Brasil foi o tema central de um estudo encabeçado pelo ministério, com a colaboração de diversos economistas, e que deve ser lançado após as eleições “para não contaminar a discussão”.
“O Brasil possui dois déficits estruturais: o da infraestrutura física, que viveu seu grande último ciclo nos anos 1970, e um déficit de capital humano. O país teve uma industrialização muito bem sucedida, mas ela foi feita sem investimento em capital humano, em educação”, disse Borges.
“Essa doença da produtividade já perdura há 30 anos no Brasil, e é um problema estrutural que emperra o crescimento recente. O crescimento na primeira década dos anos 2000 se deu principalmente pelo aumento na taxa de participação da força de trabalho, muito pouco pela produtividade”, avaliou o ministro do Desenvolvimento.
Segundo ele, a “questão educacional está equacionada, mas não está resolvida” porque os resultados aparecem no longo prazo.
“Acredito que conseguiremos atingir um novo ciclo de investimento se equacionarmos bem esses dois grandes problemas: o capital físico e o capital humano. Estes serão o grande vetor de crescimento dessa década, e, claro, a retomada do consumo será induzida a partir desses vetores também”, projetou Borges.