O governo do Rio de Janeiro está cada vez mais participativo na disputa pela quarta usina nuclear do Brasil. Como se sabe, o Plano Decenal de Energia (PDE 2031) apontou para a construção de uma nova planta de 1 GW no Sudeste – e o Rio de Janeiro é um forte candidato para ser o destino da usina. A favor do estado, pesa o fato de o Rio já abrigar a central nuclear de Angra dos Reis, que já conta com duas plantas em operação (Angra 1 e 2) e uma em construção (Angra 3). O Secretário de Estado de Óleo, Gás, Energia e Indústria Naval do Rio de Janeiro, Hugo Leal, encontrou-se recentemente com o Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e debateu sobre o projeto de Angra 4 – cujo investimento previsto para conclusão da obra gira em torno dos R$ 30 bilhões. Além disso, o secretário também entregou um ofício ao ministro no qual pede prioridade para a conclusão de Angra 3. “A retomada das obras de Angra 3 vai gerar de 7.000 a 9.000 empregos e R$ 21 bilhões em investimentos”, lembrou Leal. O secretário participou ainda de uma reunião com a Associação Brasileira para Desenvolvimento das Atividades Nucleares (ABDAN) e recebeu uma lista dos principais projetos do setor nuclear – que inclui Angra 3, Angra 4, extensão da vida útil de Angra 1 e expansão da INB.
Para começar, poderia fazer um balanço da sua reunião com a ABDAN? Como foi o resultado desse encontro?
O desenvolvimento do setor nuclear é uma das prioridades do governador Cláudio Castro e, nesse sentido, a reunião foi extremamente produtiva, pois a Associação Brasileira para Desenvolvimento de Atividades Nucleares é uma entidade com muita representatividade no setor e seus associados são empresas de grande porte envolvidas com toda a cadeia nuclear.
Tivemos a oportunidade de debater com o presidente Celso Cunha a agenda prioritária do setor nuclear brasileiro, passando pela conclusão da obra de Angra 3, a construção de Angra 4 e a ampliação da Indústrias Nucleares do Brasil (INB) – única no Brasil responsável pela mineração e beneficiamento de urânio e que está localizada no município de Resende, na região do Médio Paraíba, no estado do Rio de Janeiro.
A Eletronuclear retomou a construção de Angra 3 no final do ano passado. De que forma a secretaria poderá contribuir para a conclusão dessa obra?
Tão logo encerramos a reunião com a ABDAN, encaminhei um ofício ao ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, solicitando uma atenção especial sobre o assunto, que é de suma importância não só para o estado do Rio de Janeiro, mas também para o Brasil. A geração nuclear é uma fonte limpa, amiga do meio ambiente, que não emite nenhum gás causador do efeito estufa e reforça nossa segurança energética.
Devemos destacar também o caráter socioeconômico do empreendimento. A retomada das obras vai de Angra 3 gerar de 7.000 a 9.000 empregos e R$ 21 bilhões em investimentos.
O Rio está na disputa para ser o local escolhido para a quarta usina nuclear do país (Angra 4). O governo estadual pretende participar dessa discussão?
Sim, claro. Esse foi um dos temas longamente debatidos em nossa reunião com a ABDAN e foi pauta da minha conversa com o ministro Alexandre Silveira.
Por fim, poderia mencionar porque é importante manter o Rio de Janeiro como a “capital da energia nuclear” do Brasil?
É o caminho natural. Praticamente todas as estruturas de geração de energia nuclear estão no Rio de Janeiro, tanto as empresas estatais quanto as companhias privadas e estrangeiras. Nosso estado abriga ainda Angra 1, Angra 2, futuramente Angra 3, e, também, a INB, o órgão regulador e a Autoridade Nacional de Segurança Nuclear (ANSN).
O Rio de Janeiro possui a Nuclep e o Instituto de Engenharia Nuclear (IEN), na Ilha do Fundão. Vale ressaltar também que o Brasil possui a 6ª maior reserva de urânio do mundo. O nosso futuro é promissor também nesse segmento energético.