Ilustração: La Mandarina Dibujos
As consequências da inteligência artificial (IA), que está se popularizando cada vez mais, começam a ser sentidas em diferentes áreas da vida. Uma delas pode ser até mesmo a previdência social. “Será que esse chatbot teria que contribuir para não ter um problema na pirâmide de previdência?”, questionou Patrícia Peck, sócia-fundadora do Peck Advogados e Conselheira Titular do Conselho Nacional de Proteção de Dados e da Privacidade (CNPD).
Ela explicou: quem está aposentado recebe o benefício a partir de dinheiro recolhido das contribuições dos trabalhadores ativos. Chatbots, cada vez mais avançados e eficientes, conseguem fazer tarefas que antes eram designadas a seres humanos, substituindo a força de trabalho. Isso pode ter impactos na arrecadação previdenciária.
“Se eu tiver uma substituição acelerada, nos próximos 10, 15 anos, isso é um tempo tão rápido, que pode ser que quando nós mesmos nos aposentarmos, um robô não vai estar pagando para nós. Não teremos aposentadoria, porque quem está aposentado recebe de quem está na força de trabalho”, afirmou, na sexta-feira, 27, em painel no Legal Innovation: Data Protection Day, realizado em São Paulo.
Para ela, a atitude de órgãos reguladores não deve ser de criar barreiras, quando surgem novas tecnologias, como IA, mas deve-se entender que pode haver consequências em diferentes esferas da vida, que nem imaginamos. “Você pode criar uma tecnologia que, no primeiro momento, parece algo maravilhoso. Você não percebe efeitos colaterais e algo que pode, numa equação da balança, trazer uma desproporcionalidade, um risco para a sociedade”, argumentou. Ela deu como exemplo o uso de chatbots (como o ChatGPT) em tarefas escolares e como não é possível prever a influência que isso poderá ter nas próximas gerações.
“Hoje, na inteligência artificial, você tem várias frentes: tem que pensar que há riscos de segurança, riscos éticos, de empregabilidade. Tem essa questão da privacidade, mas eu acho que ela é só uma ‘cosquinha’ nos assuntos relacionados à inteligência artificial. Quando juntamos esses grupos de estudo, eles têm que ser multidisciplinar ”, defendeu.