Atrasos em obras são um problema crônico que aflige desde pequenas obras residenciais até grandes projetos de infraestrutura no Brasil. Por exemplo, a construção de um prédio residencial padrão, que deveria ser concluída em pouco mais de um ano, costuma levar no Brasil mais de dois anos para terminar, segundo um estudo feito pela Delloite em 2023 a pedido da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). O mesmo estudo mostrou que atrasos em obras podem gerar perdas de até R$ 59,1 bilhões para o setor em dois anos.
Além do tempo perdido, o problema tem um impacto financeiro significativo. Um levantamento da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), feito há dez anos, calculou que 12% dos custos de se erguer um imóvel existem apenas por conta dos atrasos no processo. As causas desses atrasos são diversas, incluindo a complexidade tributária, dificuldades logísticas, falta de mão de obra qualificada e processos de licenciamento demorados. Além disso, a baixa adoção de tecnologias avançadas e a falta de padronização nos processos de gestão contribuem significativamente para o problema.
Barbara Kemp, fundadora da Kemp Projetos e Gerenciamento de Obras, destaca que a falta de integração entre os diversos stakeholders é uma das principais causas de atrasos. “Quando fornecedores, empreiteiros e gestores não seguem processos padronizados, a comunicação falha e os problemas se acumulam, resultando em atrasos significativos. Isso impacta diretamente a economia, pois um empreendimento atrasado gera perda de arrecadação, aumento de custos e desemprego”, afirma Kemp.
Os atrasos em obras podem ser extremamente prejudiciais em setores como o varejo. “Se uma rede de lojas prevê inauguração para uma data estratégica, como a Black Friday, e a obra atrasa, as perdas são enormes. Além de perder faturamento por não abrir no prazo, muitas empresas sofrem com multas, especialmente no caso de lojas em shopping centers, onde os contratos são rigorosos”, explica.
Para evitar esse tipo de problema, Kemp reforça a importância de uma gestão eficiente e do uso de tecnologias avançadas. “A adoção de plataformas de gestão integrada, como o Workemp, permite uma melhor coordenação entre as equipes e uma visualização mais clara do projeto, reduzindo retrabalhos e atrasos. Essas ferramentas ajudam a garantir que todos os envolvidos estejam alinhados e que os prazos sejam cumpridos”, conclui.
Os impactos dos atrasos em obras vão além do setor da construção civil e afetam diretamente a economia. Empreendimentos paralisados geram perda de arrecadação tributária, aumento dos custos de execução e reduzem a geração de empregos. No setor imobiliário, por exemplo, atrasos podem comprometer a rentabilidade de incorporadoras e investidores, enquanto compradores de imóveis na planta acabam arcando com custos extras, como aluguel e juros.
Diante desse cenário, especialistas ressaltam que investir em gestão eficiente e tecnologia é essencial para mitigar riscos e garantir a entrega de projetos no prazo. Com inovação e planejamento estratégico, a construção civil pode evitar prejuízos bilionários e impulsionar o desenvolvimento econômico do país.