Em tese, Brasil produz o melhor concreto do mundo
Em todo o continente americano, o Brasil é o único país que não segue as normas da ACI (American Concrete Institute) dos Estados Unidos. Para 50 nações, seja na América do Norte, Central ou do Sul, quando o assunto é concreto estrutural, vale a ACI 318-14 – Building Code Requirements for Structural Concrete (Exigências do código de construção para concreto estrutural). Na Europa, prevalece a EN 206: 2013. Já em território nacional vigoram as normas técnicas ABNT NBR 6118 – Projeto de estruturas de concreto – Procedimento; ABNT NBR 12655 – Concreto de Cimento Portland – Preparo, controle e recebimento, e ABNT NBR 7680:2015 – Concreto – Extração, preparo, ensaio e análise de testemunhos de estruturas de concreto.
Essas três normas, no entender de algumas das principais autoridades brasileiras em engenharia estrutural, possuem requisitos para fazer do concreto produzido no país o melhor do mundo. “O procedimento de controle adotado no Brasil é o mais rigoroso do mundo.
Com amostragem total exigida pelas normas, conhecemos toda a população em exame. Mais segurança que isso, impossível”, afirmou o doutor em engenharia civil pela POLI-USP, Paulo Helene, que, ao lado dos também engenheiros civis Roberto José Falcão Bauer, Egydio Hervé Neto, Bernardo Fonseca Tutikian e Antonio Domingues de Figueiredo, participou de um abrangente seminário sobre as práticas de análise da resistência do concreto em estruturas.
Normas conservadoras
O evento ocorreu dentro do Concrete Show 2015. No encontro, um dos mais veementes defensores das normas brasileiras foi Egydio Hervé Neto, que entre as atribuições é perito em inspeção e diagnóstico de patologias em estruturas, especialista em tecnologia do concreto e qualidade, além de consultor de empresas de construção. “Eu respeito muito as normas técnicas brasileiras. São feitas por pessoas muito especializadas, redigidas por grupos multidisciplinares, entre eles professores universitários extremamente capacitados, o que me deixa tranquilo quanto ao seu conteúdo. Não existe nenhum outro documento para consultar a não ser a norma brasileira, quando se está dentro do território nacional”, assegurou.
Tanto a EN 206: 2013 quanto a ACI 318-14 Building Code Requirements for Structural Concrete, segundo os especialistas, são mais flexíveis que as ABNT NBR 6118, ABNT NBR 12655 e ABNT NBR 7680:2015. Para Bernardo Tutikian, coordenador do Instituto Tecnológico de Desempenho para Construção Civil (ITT Performance) e presidente da Alconpat Brasil, chega a ser proposital o rigor das normas brasileiras. “Nossas normas são conservadoras, mas são assim por segurança”, explica. Um destes rigores foi debatido exaustivamente no seminário. Trata-se da questão que envolve a resistência do corpo de prova em relação à resistência característica do concreto. No Brasil, as normas técnicas dizem que não se pode aceitar nenhum valor de fci (resistência de cada exemplar de corpo de prova) abaixo do fck (resistência característica do concreto). Já a ACI 318-14 aceita variação de 3,5 MPa a 4 MPa, enquanto a EN 206: 2013 considera um fci até 10% abaixo do fck. É por isso que, no que depender das exigências técnicas impostas pelas normas, o Brasil, em tese, produz o melhor concreto do mundo.
Entrevistados
Engenheiros civis especialistas em estruturas de concreto, Paulo Helene, Roberto José Falcão Bauer, Egydio Hervé Neto, Bernardo Fonseca Tutikian e Antonio Domingues de Figueiredo
Contato: concrete@concreteshow.ubm-info.com
Crédito: Divulgação
Informativo Massa Cinzenta – Cimento Itambé
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330