Certificação sustentável chega às escolas brasileiras
A Escola Estadual Erich Walter Heine, na cidade do Rio de Janeiro, é a primeira da América Latina a receber acertificação LEED Schools, da Green Building Council. Exemplo bem-sucedido em economia de gastos com água e energia elétrica, e em melhoria de rendimento dos alunos, o colégio estimulou outros a seguir o mesmo caminho. É o caso do Colégio Santa Cruz, na cidade de São Paulo, e o Colégio Israelita Brasileiro, em Porto Alegre-RS. Em comum, estas instituições de ensino enfrentavam reclamação dos alunos, por causa do calor nas salas de aula, e alto custo com ar-condicionado. A solução foi promover “retrofit verde” nos prédios.
Na escola Erich Walter Heine, as iniciativas geraram uma redução mensal de R$ 4.000,00 para R$ 1.600,00 na conta de água, e de R$ 4.500,00 para R$ 1.800,00 na de luz. O prédio hoje conta com lâmpadas de led, que apagam assim que as salas são liberadas, e faz a reutilização da água da chuva para uso em banheiros, hortas e jardins. A edificação também ganhou um telhado verde para minimizar o calor e os custos com ar-condicionado. Foram investidos R$ 16 milhões nas reformas, todas elas seguindo os conceitos da certificação LEED Schools. Ao todo, houve a adoção de mais de 50 procedimentos para melhorar o aproveitamento dos recursos naturais e tornar a escola uma construção sustentável.
A readequação do prédio teve reflexo no desempenho dos alunos. O colégio aparece atualmente com a segunda melhor média de notas no ranking de escolas estaduais do Rio de Janeiro. O rendimento dos alunos também melhorou após o retrofit realizado no colégio Santa Cruz, na cidade de São Paulo. A escola adotou telhados verdes com a intenção de levar conforto térmico às salas de aula e adotou o reaproveitamento da água da chuva para fins não potáveis.
Maior telhado verde de Porto Alegre
No Colégio Israelita Brasileiro, na capital gaúcha, o que incomodava os alunos era o calor nas salas de aula. Os prédios antigos, alguns com mais de 40 anos, tinham pouca ventilação e as esquadrias das janelas não favoreciam a luz natural. “A direção da escola pretendia instalar sistema de ar-condicionado em toda a escola, mas o custo seria muito elevado. Adotando padrões de construção sustentável, o orçamento caiu praticamente pela metade”, disse Guido Petinelli, que atuou no retrofit do colégio de Porto Alegre e relatou o case no Congresso de Inovação Tecnológica (Cintec 2015), realizado recentemente em Joinville-SC.
O que transformou o ambiente nas salas de aula do Colégio Israelita Brasileiro foram as reformas nas esquadrias e o uso de vidros duplos. Essas medidas permitiram a instalação de um sistema de ar-condicionado que consome bem menos energia, e que economizou R$ 150 mil no orçamento da reforma. “Essa economia possibilitou a instalação de um telhado verde, que hoje é o maior da cidade de Porto Alegre”, relata Guido Petinelli . Atualmente, as salas de aula da escola da capital gaúcha têm temperatura média anual que varia de 24 °C a 26 °C, independentemente da estação do ano. Além disso, o desempenho dos alunos melhorou, em média, 40%.
Entrevistado
Arquiteto Guido Petinelli, sócio-diretor da Petinelli, empresa de engenharia e consultoria em construção sustentável e certificação LEED, com escritórios em Curitiba-PR e Porto Alegre-RS
Contato: guido@petinelli.com
Fotos
Guido Petinelli, sócio-diretor da Petinelli: instituições de ensino enfrentavam reclamações dos alunos, por causa do calor nas salas de aula
Crédito: Divulgação/Cintec-Intercon 2015
Guido Petinelli: solução para compensar alto custo com ar-condicionado foi promover “retrofit verde” nas escolas
Crédito: Divulgação/Cintec-Intercon 2015
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330