CDHU admitiu em ofício que DAEE falha em limpar o rio. População aguarda Governo do Estado lançar licitação para construção do pôlder que evitaria alagamentos, que atingem Vila Itaim desde o dia 24

A Prefeitura de São Paulo voltou a cobrar na última sexta-feira (11), que o Governo do Estado realize o desassoreamento do rio Tietê e lance a licitação para a construção do pôlder (mini-piscinão) na Vila Itaim, na zona leste. As duas ações são avaliadas pela administração municipal como indispensáveis para a solução dos alagamentos e enchentes que atingem as áreas de várzea do Tietê.

O assoreamento é reconhecido inclusive por integrantes do governo estadual. O diretor-presidente da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo (CDHU), Marcos Rodrigues Penido, em ofício enviado no último dia 7, afirmou que pediu ao DAEE a limpeza e o desassoreamento do Tietê, onde, conforme registrou o dirigente, “se observa a formação de bancos de areia em função da chegada dos córregos”. 

O assoreamento do Tietê também é verificado próximo às obras da ponte da Vila Any, na divisa com Guarulhos, onde o rio não tem vazão e está coberto por areia e mato, sem limpeza em um dos lados da obra. Do outro lado, mais limpo, o rio corre normalmente. Além disso, a Prefeitura e Governo do Estado assinaram um convênio ainda no ano passado, segundo o qual o DAEE se comprometeu a construir um pôlder (mini-piscinão) na região da Vila Itaim, como compensação pela construção das pistas expressas da Marginal Tietê. A Prefeitura espera a licitação da obra estadual para realizar a retirada das famílias da região. Leia mais nesse link 

Com as duas medidas de responsabilidade do Estado, segundo a vice-prefeita e coordenadora do Comitê Integrado de Subprefeituras (CIS), Nádia Campeão, situações como a que vive a Vila Itaim desde o dia 24 de fevereiro seriam evitadas. Atualmente, nove ruas do bairro seguem alagadas. 

“A Prefeitura não tem competência jurídica para entrar com maquinário, então, mesmo com essas ações emergenciais, seria muito importante que o DAEE pudesse fazer isso. Na sexta-feira, procuramos esse entendimento para que eles pudessem fazer essa ação. É preciso um esforço intensivo de interferir no Tietê, na várzea do Tietê, porque fica muito difícil conviver com essa realidade na zona leste, por mais que a gente atenda as famílias, procure fazer o bombeamento, mas é uma região que fica abaixo da cota do rio, então, a uma certa altura o bombeamento não tem eficácia. O pôlder, para uma parte daquela região, é indispensável, mas para a região como um todo, é preciso um tratamento mais estrutural da várzea como um todo e do rio Tietê”, afirmou Nádia Campeão.

Desde o dia 2 de março, a Prefeitura faz o bombeamento permanente com dois equipamentos nas ruas ainda afetadas, além disso, foram realizadas raspagens de terra, capinação, limpeza de bueiros, conservação de galerias e toda a limpeza manual do Córrego Itaim. Diariamente, 60 homens da Subprefeitura atuam na área com cinco caminhões basculantes, sendo dois permanentes para a Operação Cata Bagulho, que percorre 25 ruas do bairro, uma retroescavadeira para retirar resíduos, além de dois caminhões com hidrojato e sugadores.

Com as chuvas de quinta (10) e sexta-feira (11), além da Vila Itaim, outros dois bairros da região também sofreram os impactos: Jardim Helena e Chácara Três Meninos. Cerca de 240 pessoas tiveram de deixar suas casas e foram abrigadas em três escolas da região. Na Chácara Três meninos e Jardim Helena, as águas baixaram e parte das famílias estão retornando gradativamente as suas residências. Mais de dez famílias já retornaram para seus lares. As famílias que não tiverem condições de retornar poderão ser encaminhadas para Clubes da Comunidade (CDCs) como Jardim Helena e Maia ainda nesta semana. O município já distribuiu mais de 1.800 colchões, cestas básicas, kits de limpeza e higiene desde o fim do mês passado e o atendimento social prosseguirá na próxima semana.