Edifícios-garagem: o estado da arte dos pré-fabricados
Edifício-garagem do São Paulo Expo: área construída de 121 mil m² e volume de concreto pré-fabricado estimado em 18.300 m³
Aeroportos, shopping centers, centros de convenções e grandes condomínios têm algo em comum: edifícios-garagens. As estruturas construídas com pré-fabricados de concreto ocupam cada vez mais a cena urbana. Por dois motivos: oferecem conforto e segurança aos usuários e por causa da confiabilidade do sistema construtivo. A rapidez com que os prédios-garagens são construídos também favorece a opção pela tecnologia, que recentemente passou a contar com a ajuda de outra aliada: a ferramenta BIM, a qual estimula projetos para esse tipo de edificação.
Atualmente, os edifícios-garagem estão entre as obras que mais aquecem o mercado de pré-fabricados de concreto no Brasil. Estima-se que, entre 2012 e 2017, mais de 50 prédios-garagem tenham sido executados ou estejam em construção no Brasil. A presidente-executiva da ABCIC (Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto), Íria Doniak, confirma o avanço deste tipo de empreendimento. “Certamente tem um bom potencial de crescimento, juntamente com os segmentos líderes de nosso ranking, que são indústrias, shopping centers, centros de distribuição e logística e varejo”, destaca.
Segundo a engenheira civil, as vantagens em se erguer edifícios-garagem usando a construção industrializada de concreto estão na eficiência estrutural, flexibilidade arquitetônica, versatilidade, uso racional dos materiais, conformidade com as normas técnicas, resistência ao fogo, baixo custo de manutenção e velocidade de construção. “Além disso, essas estruturas geram menor impacto ambiental. O fato de vencerem grandes vãos é outra vantagem, pois utilizando menos pilares a visibilidade interna dentro dos estacionamentos melhora”, explica Íria Doniak.
Carga e resistência
Aeroporto Afonso Pena, na região de Curitiba, ganhou edifício-garagem: tipo de obra movimenta mercado da construção industrializada
Desde que a carga seja especificada em projeto, os edifícios-garagem também podem receber caminhões, e não apenas veículos leves. Neste caso, as lajes alveolares precisam ter espessura adequada. Na Europa, edifícios-garagem aptos a receberem caminhões chegam a ter lajes com um metro de espessura. No Brasil, o usual são lajes variando entre 20 a 32 centímetros. Além disso, para receber veículos pesados, os edifícios-garagem precisam ter um projeto arquitetônico que contemple altura, inclinação das rampas e curvas para a movimentação dos caminhões. Também por questões de logística, o recomendável é que um edifício-garagem não tenha mais do que 10 pavimentos, ainda que não haja limites de andares sob o ponto de vista estrutural.
Íria Doniak também destaca que, no caso das estruturas pré-fabricadas de concreto, existem especificações que diferem das convencionais ou moldadas no local, por causa dos seguintes aspectos: as conexões que ligam os elementos estruturais e as situações transitórias (manuseio, transporte, armazenamento e montagem). “ABNT NBR 9062 – Projeto e Execução de Estruturas Pré-moldadas de Concreto – preconiza que, para liberar um elemento protendido, a resistência mínima deve ser de 21 MPa. No entanto, passados os 28 dias, esses elementos podem chegar até a 50 MPa, quando o projeto estrutural normalmente exige de 30 MPa a 35 MPa para edifícios-garagem”, explica.
Entrevistada
Engenheira civil Íria Lícia Oliva Doniak, presidente-executiva da ABCIC (Associação Brasileira da Construção Industrializada do Concreto)
Contato
abcic@abcic.org.br
Crédito Fotos: ABCIC e Infraero
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330