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A engenharia e a retomada do desenvolvimento

O Globo - 15 de dezembro de 2017 1251 Visualizações
A engenharia e a retomada do desenvolvimento
No dia 11 de dezembro celebrou-se o dia do engenheiro.
Temos hoje cerca de 600 mil engenheiros, número ainda pequeno se considerarmos a dimensão de nossa economia, mesmo em crise. Este número corresponde a seis profissionais para cada mil trabalhadores, enquanto que no Japão e nos Estados Unidos da América chega a 25 engenheiros para cada mil.
Como se sabe, o desenvolvimento do país  depende de projetos e obras de engenharia, considerando-se a exigência de melhorias na infraestrutura e na logística.
O cenário econômico atual, onde a inovação é determinante para o incremento da competitividade das empresas e para a sua inserção no fluxo de comércio internacional, também impõe uma presença mais efetiva da engenharia.
Para crescer, a engenharia depende de múltiplas ações: a implantação de programas de governo que possibilitem a retomada do crescimento da indústria; a garantia de recursos para a conclusão dos projetos de relevância nacional, iniciados na última década e agora paralisados; a preservação da exigência de conteúdos locais nos projetos e obras de engenharia; o fortalecimento das empresas estatais que sejam consideradas efetivamente estratégicas para o desenvolvimento do país; a formação de engenheiros em quantidade e qualidade compatíveis com as demandas e necessidades nacionais; o apoio às empresas inovadoras e, não menos importante, o fortalecimento da pesquisa e inovação nas universidades e centros de investigação.
Além disso, é preciso adotar uma abordagem sistêmica para a educação tecnológica, estimulando o caminho profissionalizante, já aprovado na reforma do ensino médio, e a definição de políticas efetivas de alterações nas estruturas curriculares dos cursos técnicos, de engenharia e tecnologia pois, se recuperarmos as condições para o crescimento econômico, necessitaremos de muitos engenheiros e tecnólogos.
Na década passada, a Confederação Nacional da Indústria lançou, em parceria com a ABENGE, Associação Brasileira de Ensino de Engenharia, o programa Inova Engenharia. Seria conveniente e adequado retomá-lo.
Além disso, estamos vivendo tempos em que os avanços da ciência e da técnica obrigam a trabalhar com a inovação no dia-a-dia. Isto implica considerá-las como prioridades para o crescimento. Entretanto, as perspectivas para o orçamento de ciência e tecnologia em 2018 não são nada animadoras, e muitos projetos em andamento poderão ser paralisados ou mesmo descontinuados.
Outra dificuldade surge da frágil articulação das universidades com o setor produtivo, na medida em que dela surgem a melhor forma de capacitação dos profissionais que a indústria necessita e muitas empresas com alto valor agregado, em decorrência de inovações surgidas em incubadoras e parques tecnológicos.
Mais de 95% de nossas empresas são enquadradas na categoria das micro e pequenas. Elas contribuem com 60% dos postos de trabalho e serão, sem dúvida alguma, as principais responsáveis pela recuperação do emprego no país.
É importante que sejam retomados os financiamentos não reembolsáveis para as empresas inovadoras, como também facilitado o crédito para aquelas que participam dos arranjos produtivos e das cadeias de fornecedores. Outra ação é a da recuperação urgente dos fundos de apoio à Ciência, Tecnologia e Inovação, pois muitas Fundações de Amparo à Pesquisa estão em estado precário, já que dependem dos orçamentos combalidos dos Estados, e também do Ministério da Ciência e Tecnologia.
Engenharia e desenvolvimento devem caminhar lado a lado e, dessa forma, torna-se imperioso priorizar a primeira para que os efeitos sobre o segundo sejam sentidos.