Estudantes de Engenharia Civil projetam escola feita com contêineres
Cinco alunos que propuseram em seu TCC uma solução que já é tendência em outros países, mas se encaixa perfeitamente à realidade do Brasil: uma escola feita com contêineres
De tempos em tempos, boas ideias surgem pelo mundo e envolvem os mais diversos segmentos. No ramo da engenharia, permeado por gente criativa, propostas inovadoras não faltam. Dessa forma, construções que aliam conforto e praticidade se uniram também a um fator importante, principalmente, para o futuro: a sustentabilidade.
Em Santos, a vontade de impactar a sociedade de uma forma positiva e conseguir o diploma do curso de Engenharia Civil da Esamc, uniu cinco alunos que propuseram em seu TCC uma solução que já é tendência em outros países, mas se encaixa perfeitamente à realidade do Brasil: uma escola feita com contêineres.
Além de dar novo uso às caixas metálicas que já cumpriram sua missão no ramo do transporte e ficam abandonadas em portos, o custo é duas vezes mais barato que uma construção feita em alvenaria. O modelo também pode ser adaptado e implantado em qualquer lugar.
Assim nasceu a ‘Escola Modular’. O projeto, orientado pelo professor Alessandro Borraschi e idealizado pelos universitários Débora Farias, Julio Lara, Marjory Lessa, Nicholas Barreto e Patrícia Marcondes, possui quatro salas de aula, cozinha, banheiro masculino e feminino, sala dos professores, diretoria, biblioteca, pátio, refeitório, quadra poliesportiva e leva apenas seis meses para ficar pronta. Cada módulo sai em média R$ 50 mil, o que resultaria num custo total de R$ 400 mil, com as mobílias inclusas. Cada sala de aula acomodaria 27 alunos, somando 108 estudantes por turno.
Um dos nossos objetivos era desenvolver um projeto que tivesse impacto social. E por que a escola? Porque se a gente quer uma sociedade melhor, temos que pensar em quem vai mudar essa sociedade, que são as crianças e os jovens, justifica a estudante de engenharia civil Marjory Lessa.
Outro diferencial da Escola Modular são os telhados verdes que além de refrescar o ambiente, possibilitam a construção de hortas. O projeto também possui aplicação de placas para captação de energia solar e calhas para armazenar água da chuva, que seria reutilizada em descargas ou para lavar os espaços.
Segundo os estudantes, o projeto também poderia ser adaptado para reformas, utilizando o contêiner enquanto acontece uma obra; para construir um espaço anexo a outro já construído; ou ser adaptado para espaços de reforço escolar em comunidades, para sediar ONGs etc.
Queremos mostrar para a sociedade que é possível proporcionar soluções e conter gastos. Por isso, pretendemos mostrar o projeto para vereadores das cidades da Baixada e quem sabe, para o governo do Estado, diz Patrícia Marcondes.
Estrutura
Patrícia explica que além do tempo e do custo, outra vantagem da construção em contêiner é a pouca geração de resíduos.
“No contêiner é preciso fazer um revestimento térmico e acústico. Já as instalações para a rede de esgoto e eletricidade passam pelo mesmo processo que é feito em uma casa de alvenaria, por exemplo”. Outro detalhe importante, segundo Patrícia é o Laudo de Habitabilidade, documento que comprova que o contêiner não contém resíduos químicos, biológicos ou radiativos.
Comerciantes da Região confirmam tendência
Quem passeia por aí com um olhar mais atento, já deve ter percebido que a Baixada Santista vem acompanhando a tendência das construções em contêineres.
Em São Vicente, uma parte do estacionamento de um supermercado com vista privilegiada para a baía da cidade abriga dois projetos deste tipo.
Um deles serve açaí e o outro, com previsão de inaugurar já na semana que vem vai vender espetinhos. Questionado sobre os motivos que o levaram a escolher pelo contêiner, o comerciante Flávio de Barros disse que viu na proposta uma oportunidade mais barata e com entrega em tempo recorde.
“Se eu fosse montar a espetaria em uma estrutura de alvenaria gastaria muito mais. Também optei pelo contêiner porque acho mais moderno. Falei com o pessoa de uma empresa que oferece esse tipo de projeto e em um mês estava tudo praticamente pronto”, explica Flávio.