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Petrobras quer produzir biocombustíveis a partir de microalgas

Inovação Tecnológica - 23 de fevereiro de 2018 1525 Visualizações
Petrobras quer produzir biocombustíveis a partir de microalgas
Biocombustível de algas
A Petrobras está trabalhando no desenvolvimento de uma tecnologia pioneira para produzir biodiesel a partir de microalgas, uma alternativa aos combustíveis derivados do petróleo.
É um projeto de vanguarda, pioneiro no Brasil e que logo vai estar à disposição de todos. [O projeto] vai contribuir para a construção de um futuro mais sustentável, disse Juliana Vaz, gerente de Biotecnologia do Centro de Pesquisas (Cenpes) da Petrobras.
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O processo biológico das microalgas gera uma biomassa que é usada para se extrair óleo, que será a matéria-prima para a produção do biocombustível. Hoje, o biodiesel é fabricado a partir de outras fontes renováveis, entre elas óleo de soja, gordura animal, óleo de algodão e sebo de animais.
As microalgas têm como principal vantagem o fato de não ter sazonalidade (períodos de safra) e não depender de condições específicas - de solo, por exemplo - para sua produção. Sua fabricação possibilita colheitas quase que semanais, com uma produtividade até 40 vezes maior do que a da biomassa feita de vegetais terrestres. As microalgas têm uma produtividade muito maior do que a soja e cana, afirmou a pesquisadora.
O próximo passo é produzir o biocombustível de microalgas em escala comercial. O biodiesel produzido já foi submetido a testes de qualificação em laboratório, sob os padrões da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), e os resultados preliminares mostraram ser promissores, disse Juliana.
Captura de CO2
A produção a partir da microalga traz ainda vantagens ecológicas, contribuindo para a redução do gás carbônico (CO2) no ar.
Cada tonelada de microalgas usadas para a produção de biodiesel pode retirar até 2,5 toneladas de gás carbônico do ar, taxa muito maior que a de outros vegetais normalmente utilizados para a produção de biodiesel - seja a soja ou da cana-de-açúcar, disse Juliana, ressaltando que esse gás carbônico ainda será aproveitado para a produção de um substituto dos combustíveis fósseis.
Ainda dentro do contexto de maximizar a tecnologia, também está em estudo a possibilidade de cultivar microalgas em águas oriundas da produção de petróleo, contribuindo no tratamento dessa água para descarte ou para reúso. As microalgas utilizam as substâncias presentes na água de produção, como nitrogênio e fósforo, como insumos para a conversão em biomassa, explicou a pesquisadora.
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A Embrapa identificou microalgas que geram biocombustíveis com uma produtividade de 10 a 100 vezes maior do que os cultivos agrícolas tradicionais. [Imagem: Embrapa/Vivian Chies]
Fotobiorreator
As pesquisas tiveram início em um fotobiorreator criado pelos próprios pesquisadores do Cenpes, em pequena escala.
Já em Extremoz, no Rio Grande do Norte, e com apoio da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), o processo é testado em uma escala um pouco maior. O local conta com tanques abertos, com capacidade para 20 mil litros, onde as microalgas são cultivadas e possibilitam a avaliação do seu potencial produtivo, da qualidade e o teor do óleo produzido, contou Juliana.
A produção encontra-se atualmente em escala piloto, uma fase da pesquisa que deverá durar ainda de 2,5 a 3 anos.
A partir dessas avaliações, o processo será testado em escala demonstrativa, em um cultivo que atingirá de 50 a 100 hectares de tanques abertos. Seria uma fase semicomercial, para efetivamente sabermos se há condições de se produzir este combustível em escala comercial e de forma competitiva. E aí entra a fase de estratégia de definição de análise de custo para certificar se efetivamente ele poderá entrar no mercado, explicou Juliana.
Bioquerosene de aviação
Também está sendo pesquisado o uso das microalgas na produção de bioquerosene de aviação (BioQAV), em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). As pesquisas se pautaram muito, no início, no domínio do cultivo para a produção do óleo, que uma vez produzido, pode ser utilizado para finalidades diversas, inclusive do BioQAV, afirmou Juliana.
Outra parceria, com a Universidade Federal de Viçosa (UFV), em Minas Gerais, também visa a produção do biocombustível de aviação.
Para a pesquisadora, é necessário garantir a viabilidade econômica para que a produção chegue à escala comercial. A atual dificuldade a ser vencida com as pesquisas é a de otimizar o processo de tal forma que garanta viabilidade econômica e um balanço energético mais positivo, através principalmente do aumento do teor de óleo produzido pelas microalgas, concluiu Juliana.