Tecnologias para capturar CO2 da atmosfera vão ter de ser integradas na política ambiental
As tecnologias de emissões negativas (ou seja, tecnologias para remoção de dióxido de carbono da atmosfera) devem ser prioridades nas políticas ambientais e de clima do ano de 2019. Quem o diz é o EASAC - European Academies Science Advisory Council (Conselho Consultivo de Ciências das Academias Europeias, na tradução em português), que alerta para a necessidade de criar uma indústria destas tecnologias tão grande como a dos combustíveis fósseis.
De acordo com aquele organismo, que presta assessoria à União Europeia, e que é composto pelas academias científicas nacionais dos Estados-Membros, Noruega e Suíça, é urgente tomar medidas neste sentido, inclusivamente usando as chamadas CCS - Carbon Capture Storage (tecnologias para capturar CO2 da atmosfera). Para o EASAC, a necessidade de desacelerar este problema obriga adoção de medidas essenciais na estratégia climática da União Europeia, já este ano e também no futuro.
“Como a mitigação do aquecimento, seguindo o Acordo de Paris, permanece inadequado, o desenvolvimento de tecnologias para fazer com que as emissões sejam negativas tem de aumentar”, exclama Michael Norton, professor e director da EASAC, “o desenvolvimento dessas tecnologias à escala requerida vai obrigar ao desenvolvimento de uma nova indústria da mesma dimensão da indústria do combustível fóssil. E a um grande desvio de recursos da economia. Para evitar estes problemas, a União Europeia deve olhar para aquelas tecnologias que tendem a ser relevantes para o futuro das indústrias europeias”.
Para o EASAC, a mitigação desta problemática deve ser de prioridade máxima. Atualmente, as tecnologias de emissões negativas ainda não estão totalmente desenvolvidas, mas, tendo em conta o nível atual de emissões de CO2 e os objetivos do Acordo de Paris, torna-se premente o avanço deste tipo de tecnologia e a sua inclusão nas estratégias climáticas futuras da União Europeia.
Recorde-se que, recentemente, investigadores da Universidade de Trent, liderados pelo professor Ian Power, conseguiram descobrir uma forma de produzir um mineral conhecido como magnesite e que consegue absorver o CO2 da atmosfera. A formação de magnesite é um processo que demora milhares de anos, mas os investigadores foram capazes de reduzir drasticamente esse tempo em laboratório (o tempo foi reduzido para apenas 72 dias), abrindo, assim, caminho a processos que permitam absorver o dióxido de carbono da atmosfera. De acordo com os resultados obtidos com aquela investigação, uma tonelada de magnesite tem capacidade para absorver cerca de meia tonelada de CO2.