Brasileiros sintetizam material transistor acionado luz
Componentes optoeletrônicos
Que a molibdenita supera o silício e o grafeno na eletrônica é algo que se sabe há muito tempo.
Passar dos laboratórios para as fábricas é outra conversa, não se sabendo ainda quem vencerá essa corrida - ou mesmo se grafeno e molibdenita caminharão juntos rumo à eletrônica ultrafina.
Um outro exemplo dos ganhos obtidos com a mesclagem de materiais monoatômicos acaba de ser dado por uma equipe de pesquisadores da USP de São Carlos.
Diana Gustin, Luís Cabral e seus colegas sintetizaram um composto capaz de funcionar como um transístor fotônico misturando camadas monoatômicas de molibdenita (MoS2) com o material orgânico azobenzeno (C12H10N2).
A incidência de luz faz a molécula de azobenzeno mudar da configuração espacial cis para a configuração espacial trans, o que induz efeitos na nuvem de elétrons da monocamada de bissulfeto de molibdênio.
E esses efeitos são reversíveis, indicando que o material híbrido orgânico-inorgânico poderá ser usado para a construção de um transístor bidimensional ativado por luz.
Molibdenita melhor que grafeno
A fabricação de um protótipo desse componente optoeletrônico já está nos planos da equipe, lembrando que um transístor optoeletrônico pode funcionar como um neurônio.
A estrutura quase bidimensional torna o bissulfeto de molibdênio tão atrativo quanto o grafeno em termos de redução do espaço e maleabilidade. Mas ele possui virtudes que, potencialmente, o tornam ainda melhor. É um semicondutor com propriedades parecidas com as do grafeno quanto à condutividade elétrica. E é opticamente mais versátil, porque emite luz na faixa de frequências do infravermelho ao visível, disse o professor Victor Richard.