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Paredes inteligentes substituem ar-condicionado

Portal Itambé - 15 de março de 2019 1274 Visualizações
 Paredes inteligentes substituem ar-condicionado
Camada com hidrogéis: material absorve a umidade da parede em dias frios e refresca o ambiente interno no calor. Crédito: IAAC

O Departamento de Construção Inteligente do Instituto de Arquitetura Avançada da Catalunha (IAAC), na Espanha, trabalha no desenvolvimento de paredes inteligentes que são capazes de reter umidade em dias frios e resfriar o ambiente interno quando houver calor. Os testes em laboratório mostram que elas podem reduzir em até 5 °C a temperatura de uma casa ou apartamento em períodos muito quentes, assim como ajudam a preservar o desempenho térmico das paredes em situações de frio.

O sistema funciona com uma camada-sanduíche aplicada no meio das paredes. São esferas de hidrogel implantadas em elementos cerâmicos, e que podem ser instalados tanto em paredes estruturais quanto em paredes de sustentação. A líder da pesquisa, Areti Markopoulou, que chefia o IAAC, explica que as esferas operam por sensores. Se a temperatura estiver abaixo de 15 °C, o hidrogel vai para um reservatório e as placas cerâmicas passam a atuar para melhorar o isolamento térmico da parede.

Caso a temperatura esteja acima de 25 °C, os sensores fazem o processo inverso: voltam a inflar as esferas com hidrogel, a fim de que o material ajude a esfriar as paredes. Segundo Areti Markopoulou, a solução é apontada como uma alternativa viável para o enfrentamento do efeito estufa e a elevação das temperaturas no planeta, além de ser uma opção mais econômica para o uso de ar-condicionado. A pesquisadora relata a eficácia do sistema, de acordo com os resultados obtidos em laboratório. “Na fase de testes, em 20 minutos a temperatura da sala foi reduzida em 5 °C e a umidade do local aumentada em 15%”, diz.

Quanto ao custo, os pesquisadores estimam que, se produzido em escala comercial, o metro quadrado das placas cerâmicas com hidrogel pode custar cerca de 28 euros (aproximadamente 135 reais) – isso considerando as tributações na União Europeia. A economia viria no consumo de energia do aparelho de ar-condicionado, que pode chegar a 7% por hora de funcionamento. “A conclusão é que o material inteligente tem a capacidade de resfriar áreas habitacionais, além de transferir umidade para o ambiente”, afirma Areti Markopoulou.

Aparelhos de ar-condicionado têm potencial para se tornar o “mal do século”
 
A pesquisa começou no período 2013-2014 e ainda segue em aperfeiçoamento. O próximo passo é conseguir parceria que permita construir um protótipo habitacional, em que as placas sejam testadas em um ambiente normal, fora do laboratório. Outra intenção é testar o invento como camada-sanduíche em paredes de concreto pré-fabricadas. “Acreditamos que o projeto é uma alternativa de baixo custo para atender às necessidades de consumo de energia”, finalizam os pesquisadores.

O mercado da arquitetura sustentável estima que os aparelhos de ar-condicionado têm potencial para se tornar o “mal do século”. A utilização deste tipo de equipamento deve aumentar 30 vezes a nível global até o ano 2100. Só nos Estados Unidos, as pessoas já usam quase 200 bilhões de quilowatts-hora de eletricidade para abastecer sistemas de ar-condicionado a cada ano. Países como Índia e China estão próximos de superar a marca norte-americana. No Brasil, estudo da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) mostra que o consumo de energia elétrica por condicionadores de ar no setor residencial triplicou entre 2005 e 2017.


Entrevistado
Departamento de Construção Inteligente do Instituto de Arquitetura Avançada da Catalunha (IAAC) (via assessoria de imprensa)