Pernambuco se ajustando para ser escolha de investimentos chineses
O governador apresentou as potencialidades do estado, com foco em energias limpas. Foto: Hélia Scheppa/Divulgação
A China continua apostando no Brasil. Pernambuco e o Nordeste podem aproveitar as oportunidades de receber investimentos diretos de empresas ou do governo chineses. De acordo com gestores brasileiros e asiáticos que participam diretamente das articulações desse mercado bilateral, o estado começou a entender que a disposição chinesa em investir no Brasil depende de diálogo, que pode evoluir a partir de construção em conjunto de projetos estruturadores para região. Em cinco anos (até 2016), a China aplicou US$ 70 bilhões no Brasil e 17% vieram para o Nordeste. A ideia é que essa nova forma de pensar acelere a escolha da China pela região e principalmente por Pernambuco, que têm potencial em diversos segmentos de interesse da China.
A nova estrutura de fazer negócios foi debatida durante o “Seminário: Mudanças do Clima e Energias Renováveis”, realizado pelo Governo de Pernambuco e o Consulado da China no Recife, com presença de lideranças nacionais e executivos dos dois países.
Zhang Xin, chefe do escritório CCPIT Brasil, que atua como um conselho chinês para promoção comercial, explicou que o otimismo em relação ao Brasil segue alto, “validado pelo sucesso dos leilões de portos e aeroportos brasileiros”. Segundo ele, o momento avança nesse sentido em relação a China. “China e Brasil estão passando por uma mudança de um comércio tradicional de compra e venda simples, para investimentos diretos pensados, articulados, em setores importantes para os dois países, que apresentem ganhos de tecnologia, que plante tendências, novidades de indústria, entre outros“, explicou.
Segundo ele, a própria China pensava apenas em vender nos países ou montar fábrica para ganhar mercado e só. Hoje, já olha os mercados como parceiros. “É possível ter ganhos mútuos quando os dois países pensam em conjunto para explorar o mercado. No Brasil o pensamento é esse. Cada agente agrega com o que tem know how e as oportunidades se ampliam. Brasil e China elevam as oportunidades para outro patamar e o Nordeste e Pernambuco agora estão no circuito, pois entenderam que a dinâmica é diferente”, garante.
O CEO do Lide China, José Ricardo dos Santos, explica que são 120 empresas as mais expressivas no Brasil, sendo 80 em SP, 20 no Rio e 20 pelo Brasil. Isso não quer dizer que não atuam em outra região, porque o reflexo dos investimentos podem favorecer. É importante analisar quais as áreas que o Nordeste propõe para os chineses para justificar os 17%. Hoje, a gente tem em Pernambuco uma excelente aptidão para o setor de energia eólica. È uma oportunidade que a gente tem para mostrar aos chineses. Isso é falado? Agora está sendo fomentado. O chinês não só olha licitação, mas as oportunidades que eles podem construir juntos”, pontuou o CEO.
A ideia é se comunicar, se aproximar, relacionamento para gerar confiança. “Não interessa mais apenas um leilão pronto. A ideia é fazer um certame e consultar investidores potenciais. Qual a necessidade dos chineses? Agora essa interface tá sendo feita. Pernambuco percebeu que ser conhecido pelos chineses é mais efetivo. O estado está muito proativo com a China e os chineses estão percebendo isso”, reforçou.
O governador Paulo Câmara participou do encontro, onde foi anunciada a escolha da capital pernambucana para sediar a Conferência Nacional das partes sobre Mudanças do Clima, em outubro. O evento objetiva promover o diálogo e a formulação de propostas e soluções de importantes temas que serão tratados na 25ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 25), que acontecerá em dezembro deste ano, no Chile.
“O desenvolvimento que queremos para o nosso Estado, para o Brasil e para o mundo é o desenvolvimento sustentável, onde exista o ganho econômico, mas também as conquistas sociais e a garantia ao meio ambiente. Discutir isso é fundamental para o futuro. Pernambuco está tendo a oportunidade de fazer esse evento hoje, mas também vamos receber, em outubro, uma grande conferência sobre as mudanças de clima. Um debate importante, que dialoga com o que a gente vem trabalhando no Estado”, destacou o governador, frisando que Pernambuco tem uma grande vocação para energias limpas, tanto eólica quanto solar, e o objetivo é expandir esses projetos e parcerias.