Veículos autônomos podem ser um benefício ambiental ou um desastre, diz pesquisa da Universidade de Princeton
Redação EC
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10 de maio de 2019
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Segundo estudo recente, o aumento massivo ou a redução da emissão de gases de efeito estufa dependem, em grande parte, das políticas públicas
Pesquisadores da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, descobriram que veículos autônomos bem administrados podem ajudar a aumentar a mobilidade, melhorar a segurança, e reduzir fatores como congestionamento, emissão de gases e consumo de energia. No entanto, a má gestão desta modalidade de transporte poderia piorar a situação atual em todas as frentes. Segundo o estudo, a linha é tênue e dependerá, em grande parte, de políticas públicas.
“Precisamos de padrões de economia de combustível para garantir que os carros sejam limpos e políticas para incentivar a partilha de veículos para reduzir o número de milhas percorridas, disse Judi Greenwald, pesquisador não-residente do Centro Andlinger de Energia e Meio Ambiente de Princeton. Ele explica que ao permitir que os passageiros trabalhem ou relaxem no caminho, os veículos automatizados melhorariam muito a experiência de viajar em um automóvel, mas, o planejamento, a administração e os regulamentos cuidadosamente elaborados são essenciais para reduzir as emissões do veículo, especificamente àqueles que viajam com poucos passageiros.
“Duas grandes mudanças estão chegando: automação e mobilidade como serviço, disse Greenwald, que atuou como vice-diretor de clima, meio ambiente e eficiência energética no Departamento de Energia durante o governo Obama. Dependendo de como eles interagem e como o combustível é limpo, pode realmente acabar muito melhor ou pior para o meio ambiente, ressalta.
Greenwald e o coautor do estudo, Alain Kornhauser, apontaram que a melhor maneira de garantir um bom resultado é implantar a automatização em frotas gerenciadas, ao invés de veículos pessoais, e implementar rigorosos padrões de eficiência de combustível para os mesmos. Afinal, os gerentes de frotas têm fortes incentivos para usar os combustíveis mais eficientes e minimizar a quantidade de tempo na estrada que os carros gastam com poucos ou nenhum passageiro.
“As frotas são motivadas a entregar o maior número possível de pessoas-milhas de cada veículo. Se você está tirando duas pessoas-milhas de cada milha percorrida (porque há dois passageiros no veículo), o uso de energia e a poluição são cortados pela metade, independentemente da fonte de combustível”, explicou Kornhauser.
Para concluir o estudo, os autores examinaram um grande conjunto de pesquisas anteriores de Kornhauser, como uma que mostra que uma frota gerida de forma adequada, combinada com o transporte público, poderia cortar as viagens de veículos em 43% em Nova Jersey. Eles também apontaram para o relatório do Laboratório Nacional de Energia Renovável, de 2016, que mostrou que os veículos autônomos poderiam triplicar o consumo de combustível devido a viagens mais fáceis e a um aumento nos quilômetros de veículos vazios percorridos.
Segundo Greenwald, a política terá um papel importante no controle de quem será capaz de operar esses veículos e como. Altas barreiras à entrada no mercado, como licenças caras semelhantes a uma licença comercial de caminhões, poderiam desencorajar os indivíduos de comprar veículos autônomos. As regulamentações também podem proibir a tecnologia de ser vendida para indivíduos, disse o relatório. Precisamos de políticas públicas para garantir que alinharemos os incentivos econômicos com o que queremos de uma perspectiva social, finalizou.