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Concretagem não precisa ser ponto crítico da obra

Portal Itambé - 27 de setembro de 2019 1086 Visualizações
 Concretagem não precisa ser ponto crítico da obra
Estreitar parceria entre fornecedor e construtora é um dos segredos da boa concretagem Crédito: Banco de Imagens

A concretagem é uma etapa decisiva da obra. Além da qualidade do concreto, a programação para que o material chegue dentro do prazo no canteiro também é crucial. Para que tudo dê certo, é importante que haja sintonia entre fornecedor e construtora. Mas nem sempre isso ocorre. Seja por falha da concreteira ou da construtora, problemas na programação são comuns. Na maioria das vezes, os obstáculos são fáceis de resolver. Porém, ao se tornarem recorrentes evidenciam problemas de planejamento e acabam impactando no cronograma da obra. 

Por isso, a escolha do fornecedor é fundamental. A opção por empresas com capacidade de auxiliar a construtora a elaborar um plano de concretagem é relevante para evitar que essa etapa se transforme em um ponto crítico da obra. Foi o que abordou o engenheiro civil Eduardo Tassi Damião, especialista em desenvolvimento tecnológico da Tecnisa, e que na Concrete Show 2019 concedeu a seguinte palestra: “Relação entre construtora e fornecedor de concreto: impactos sobre a produtividade das concretagens e sugestões de melhoria”. “É importante mapear a sequência de acontecimentos que prejudicam a produtividade das concretagens para conseguir solucioná-las”, diz.

O engenheiro estuda o tema desde a sua dissertação de mestrado na USP, no fim da década de 1990. Ele apontou 70 fatores que podem prejudicar a concretagem na obra. Alguns começam com problemas no projeto da edificação, mas a maioria tem a ver com programação, contratos e a concretagem em si. “Boa parte diz respeito ao relacionamento entre o fornecedor e a construtora. Um dos mais comuns ocorre quando o fornecedor agenda muitas entregas, contando que algum cliente irá cancelar, mas isso não ocorre e ele acaba atrasando a concretagem em alguma das obras agendadas”, relata.     

Workshops são aliados no estreitamento da relação entre construtora e fornecedor 

Eduardo Tassi Damião destaca que o inverso também ocorre, ou seja, a construtora agenda duas datas de concretagem, prevendo que a primeira tem boas chances de ser cancelada, e acaba encavalando a programação do fornecedor. “Um bom relacionamento com o fornecedor de concreto é o primeiro passo para não gerar esse tipo de bloqueio. Alinhar a programação é fundamental”, defende. Além disso, o engenheiro civil ressalta que construtora e fornecedor devem ter um histórico de concretagem para não repetir erros anteriores. “O que eu chamo de ecossistema do fornecimento de concreto deve ser controlado pelas duas partes”, afirma.

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Eduardo Tassi Damião estuda os problemas relacionados com a concretagem desde os anos 1990 Crédito: Cia. de Cimento Itambé

Em sua palestra, Eduardo Tassi Damião fez questão de realçar os problemas gerados por contratos mal redigidos. “Na minha pesquisa para a dissertação, assim como no meu trabalho, percebi que existem muitas cláusulas abertas, e que dão margens para diferentes interpretações. O ideal é que o contrato estreite a parceria entre fornecedor e construtora. Para chegar a um bom termo, na Tecnisa realizamos workshops com fornecedores para entender os pontos que podem ser melhorados. Mas avalio que a tecnologia também pode ser uma aliada neste caso. Uma sugestão é a criação de um app inspirado nos aplicativos de transporte de passageiros, e que possa melhorar a produtividade do fornecimento de concreto na obra”, propõe. 

Entrevistado
Reportagem com base na palestra “Relação entre construtora e fornecedor de concreto: impactos sobre a produtividade das concretagens e sugestões de melhoria”, do engenheiro civil Eduardo Tassi Damião, na Concrete Show 2019.