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Brasileiro é finalista de prêmio global da ONU com projeto no Semiárido

Casa Vogue - 27 de setembro de 2019 1861 Visualizações
Brasileiro é finalista de prêmio global da ONU com projeto no Semiárido
Aproximadamente 27 milhões de brasileiros vivem no Semiárido, segundo dados do Ministério da Integração Nacional. A região ocupa cerca 12% do território nacional, o que equivale a 1,03 milhão de km², e abrange 1.262 municípios. Preocupado com a degradação do meio ambiente e as condições de vida no local, o arquiteto cearense Bernardo Andrade desenvolveu a Casa do Semiárido, projeto de habitação sustentável que é um dos cinco finalistas latino-americanos do prêmio global Jovens Campeões da Terra da ONU Meio Ambiente. 

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Este é o protótipo da Casa do Semiárido, projeto finalista de prêmio global da ONU

A Casa do Semiárido é um projeto de baixo custo e impacto ambiental, que usa materiais locais, como madeira e terra, e utiliza as técnicas construtivas sustentáveis de taipa de pilão, taipa de mão e tijolo de adobe. O protótipo consiste na reconstrução de uma casa em Pentecoste, município há 91 km de Fortaleza, para atender uma família de três pessoas, moradores da comunidade Riacho da Porta. 

Considerando que o Semiárido sofre com longos períodos de estiagem e tem pouca água disponível, dificuldade de acesso a alimentos, habitação precária e baixo desenvolvimento agropecuário, a edificação foi pensada a partir da integração desses aspectos. Buscamos solucionar as dificuldades do Semiárido, produzindo uma casa que atenda às necessidades da família de agricultores e seja coerente com a realidade da comunidade, afirmou Bernardo Andrade.

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Esta é a casa original na comunidade Riacho da Porta, em Pentecoste (CE), que será reconstruída 

Elaborado em parceria com profissionais das áreas de arquitetura, engenharia ambiental, geografia e pedagogia, esse modelo de bioconstrução, onde a preocupação ecológica está presente desde a concepção até a ocupação, foi idealizado por Bernardo Andrade em 2018 após desenvolver o projeto Casa PAS (Protótipo de Autoconstrução Sustentável), em Aquiraz (CE).

O interesse do arquiterto cearense por habitação sustentável, entretanto, surgiu em 2010, ao assistir o documentário Garbage Warrior. Quando estava na universidade, assisti a um documentário de Michael Reynold que constrói casas sustentáveis e autônomas com materiais recicláveis. Isso impactou a forma como eu pensava a arquitetura, então decidi ser voluntário no instituto dele em 2012, no Novo México (EUA), para aprender algumas das suas técnicas, contou Bernardo Andrade.

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Adaptando à realidade brasileira, Bernardo Andrade aplica em seus projetos os princípios do modelo Earthship, que aprendeu com o arquiteto norte-americano Michael Reynolds. A ideia foi construir um modelo que proporcione autonomia hídrica e alimentar à família e que possa ser expandido para toda a comunidade, explicou o arquiteto.

A construção ainda faz uso da arquitetura bioclimática, que utiliza as condições climáticas para minimizar os impactos ambientais e reduzir o consumo energético. Na Casa do Semiárido, é feita a captação da água da chuva, que é filtrada e pode ser utilizada até quatro vezes.

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Além disso, o projeto implementa os princípios da Permacultura, que consiste no planejamento e execução de práticas agrícolas sustentáveis, unindo conhecimentos ancestrais aos modernos. Queremos gerar insumos para o sustento das famílias que vivem nessa região, de forma a contribuir para o desenvolvimento sustentável do Semiárido, apontou Bernardo Andrade.

Após oito meses de elaboração, Bernardo Andrade acredita que as maiores dificuldades vão aparecer na etapa de construção do projeto, que atualmente está captando recursos financeiros e materiais para ser viabilizado. Nossa ideia é construir o primeiro protótipo e desenvolver uma metodologia com cartilha para difundir esse conhecimento para outras comunidades, disse o arquiteto.

 
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 Visão de frente da residência em Pentecoste (CE), que se transformará na Casa do Semiárido 

Formado pela Universidade de Fortaleza (Unifor), Bernardo Andrade atribuiu a indicação ao prêmio da ONU à relevância e ao impacto do projeto. O projeto não trata de maneira isolada os problemas do Semiárido. Tem potencial de mudar a vida de muitas famílias na região. Não só nos quesitos de moradia eficiente, água e energia, mas, também, de conhecimento. Porque elas vão poder aprender as técnicas construtivas e fazer suas próprias casas, concluiu.