ANP Premia avanços tecnológicos e pesquisa
A palavra de ordem nas grandes petroleiras, desde a crise do preço do barril de petróleo, é eficiência. Mesmo hoje, com o valor do produto girando em torno dos US$ 60, as empresas ainda buscam reduzir custos. Aqui no Brasil, existem exemplos práticos neste sentido. Um deles é o que vem sendo chamado de “nova geração de equipamentos submarinos”, com o foco no desenvolvimento de tecnologias que tragam uma redução significativa de custo e prazo de entrega. A Shell e sua parceira TechnipFMC, por exemplo, desenvolveram uma Árvore de Natal Molhada Compacta, de baixo custo, que já se encontra pronta para a instalação e operação em campo, atendendo a todos os requisitos exigidos pelas normas internacionais.
O projeto é um dos finalistas do Prêmio ANP de Inovação Tecnológica 2019. Para quem não é familiarizado com o mercado de petróleo e gás, vale explicar que uma Árvore da Natal Molhada se refere a um conjunto de válvulas operadas remotamente, que controlam o fluxo dos fluidos produzidos ou injetados no poço. Especificamente falando do projeto da Shell, a empresa usou componentes e subcomponentes com uma redução significativa de tamanho e peso, o que resultou em menor custo de fabricação, instalação em montagem.
Ainda no sentindo de ganhar tempo e produtividade, outro projeto finalista do Prêmio da ANP é o chamado “Desenvolvimento e Gerenciamento de Campos de Petróleo por meio da Simulação Numérica de Reservatórios. A novidade é de autoria da Petrobrás em parceria com a Unicamp. O foco do empreendimento é elevar o lucro e a produção de petróleo, gerenciar fluidos produzidos e controlar injeção.
Para atingir tal intento, a petroleira e a instituição de pesquisa criaram metodologias inovadoras para sistematizar todo o processo de caracterização, desenvolvimento e gerenciamento de reservatórios. A ideia é fazer com que esses processos sejam menos dependentes da intuição e procedimentos informais. Uma simulação numérica é usada para fazer os estudos de reservatórios, principalmente de campos do pré-sal.
Além da Petrobrás e da Shell, outras duas petroleiras (Petrogal e Repsol) foram escolhidas como finalistas do Prêmio ANP de Inovação Tecnológica 2019. A edição deste ano contará com cinco categorias, sendo duas com temas inéditos: “Segurança, Meio Ambiente e Saúde – SMS” e “Indústria 4.0”.
Na categoria 1, destinada à Exploração e Produção, a Petrobrás é finalista com dois projetos. O primeiro deles é de uma Unidade Robótica Remotamente Controlada para Quebra de Hidratos e Remoção de Parafinas sem Sonda em Dutos Rígidos e em Linhas Flexíveis. O outro empreendimento da estatal é o já mencionado Desenvolvimento e Gerenciamento de Campos de Petróleo por meio da Simulação Numérica de Reservatórios. Por fim, aparece a Petrogal com o seu projeto de Captura e armazenamento de dióxido de carbono (CCS) e purificação de gases associados (LNG) na produção de petróleo em águas ultraprofundas através do processo de produção de hidratos dos gases.
Na categoria 2, também voltada para E&P, a Shell disputa o prêmio com dois projetos: o já citado Desenvolvimento de Árvore de Natal Molhada Compacta, além do Sistema Armazenamento e Separação Gravitacional de CO2 e CH4 em Cavernas de Sal Construídas em ambiente Offshore de Águas Ultra Profundas no Brasil. Outra concorrente é a Repsol Sinopec, com um sistema submarino de armazenamento e injeção de produtos químicos.
Já na categoria 3, a única empresa que figura entre as finalistas é a Petrobrás, com três projetos: Centro de Simulações de Manobras do Tanque de Provas Numérico da USP aplicado à Busca de Soluções para Escoamento da Produção de Petróleo e Gás Brasileira; Desenvolvimento de um Método de Dimensionamento de Pavimentos Asfálticos; e Uso da tecnologia de micro-ondas no melhoramento de petróleos pesados e de destilados médios.
Na inédita categoria de SMS, novamente a Petrobrás é a única empresa a disputar, também com três projetos: Boia Meteoceanográfica Nacional (BMO-BR), Rede de modelagem e observação oceanográfica (REMO); e Tecnologias verdes para a reciclagem de polímeros da indústria do petróleo.
Por fim, na categoria de Indústria 4.0, a disputa ficará entre a Petrobrás e seus dois projetos (WellBot – Autonomous Things (AuT) Aplicado a Poços de Petróleo e OTIMROTA – Ferramenta Computacional para Projeto Conceitual e Otimização de Sistemas Submarinos) contra a Petrogal (Assistente para Interpretação Sísmica baseado em Inteligência Artificial).