A engenharia e a governança não são ciências exatas
DomTotal
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22 de novembro de 2019
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As empresas precisam ser transparente em relação às suas atividades que podem envolver algum risco para a sociedade (Pixabay)
Por isso a sociedade deve estar vigilante.
Não vamos analisar a causa dos últimos acidentes com as barragens de mineração, mas propor uma linha de estudos visando a política de segurança das estruturas complexas de engenharia no Brasil.
Qualquer estrutura de engenharia é o resultado da aplicação das ciências exatas: física, biologia, química e matemática através de modelos desenvolvidos ao longo da história, levando em conta dados anteriores, probabilidade e um determinado grau de empirismo. Os conhecimentos científicos com que está embasada a engenharia é um conhecimento “provisório” pode ser atualizada a cada nova descoberta. Cada estrutura a ser construída é altamente dependente da engenhosidade dos profissionais que as estão projetando. Por isso, esses profissionais são pessoas extremamente demandadas e que foram ao longo da carreira desenvolvendo sua competência técnica.
Precisamos lembrar que a ciência evolui constantemente, e um aprendizado contínuo com os fenômenos naturais é necessário para reduzir as incertezas dos dados históricos e empíricos utilizados nas estruturas de engenharia. O exemplo mais recente são os gases de efeito estufa que estão interferindo na temperatura da terra e causando as mudanças climáticas. As decorrências causadas pelas mudanças climáticas ainda não são de completo domínio da ciência, mas é sabido que elas causam efeitos extremos no clima com maior rigor e maior frequência, isto é, pode chover num espaço curto de tempo o equivalente aos dados históricos de um mês ou mais. Como consequência, pode haver uma alteração em uma variável importante de segurança de uma estrutura, que não foi projetada levando em consideração essas variáveis.
Governança corporativa é uma forma sistêmica de administração das empresas, da maneira que devem ser dirigidas e monitoradas, pelas diversas instâncias constituídas, tais como: conselho de acionistas, conselho de administração, auditoria, responsabilidades e atribuições de cada empregado.
Mas, onde não há governança na tomada de decisões de engenharia?
Se a engenharia e nem a governança são ciências exatas, imagina o que acontece quando há ingerência da gestão nos procedimentos de engenharia, onde há total subordinação da técnica pela administração. Essa é a razão da transparência total sobre os riscos de todo empreendimento para a sociedade, pois é ela que deve decidir se quer ou não correr os riscos e até que ponto.
As empresas precisam ser transparente em relação às suas atividades que podem envolver algum risco para a sociedade. Desta forma, os especialistas analisam esses dados e ajudam a informar a população sobre esses riscos.
Assim como as empresas, o Estado também tem que dar transparências quando há risco de vida. O mesmo vale para, os conselhos profissionais, quer também deveriam ser abertos e democráticos com a gestão da informação. Hoje, esses são verdadeiras fortalezas invisíveis para a sociedade.
No caso específico das estruturas de engenharia as responsabilidades são: primeiro do empreendedor e segundo do Estado brasileiro. No caso do empreendedor não é só da diretoria, mas todos os envolvidos: diretoria, conselho de administração, acionistas e profissionais contratados pela empresa para projetar, operar e manter toda a estrutura de engenharia em perfeito estado. O segundo responsável é o Estado brasileiro de acordo com suas atribuições constitucionais: Executivo (federal, estadual e municipal), Legislativo (federal, estadual e municipal), o Judiciário (federal e estadual) e o Ministério Público (federal e estadual).
Nos casos dos últimos acidentes com as barragens de mineração, do CT do Flamengo e do viaduto em São Paulo vimos falta de boas práticas de governança empresarial e governamental.
Essa é a razão da necessidade de uma política nacional de segurança de estruturas complexas de engenharia. Com maior transparência ampliamos e nomeamos os responsáveis na tomada de decisão. Mais transparência é mais democracia. É a sociedade que deve decidir se quer correr algum tipo de risco ou não.