Infraestrutura sustentável faz Brasil atrair investidores
O Brasil assumiu o compromisso internacional de, até 2025, reduzir em 37% as emissões de CO2 – em relação aos níveis de 2005 -, além de restaurar 15 milhões de hectares de pastagens degradadas e aumentar para 45% a parcela dos recursos renováveis em sua matriz energética. Para atingir essas metas, terá de investir maciçamente em infraestrutura sustentável, principalmente em áreas como saneamento, transporte e energia.
Marilene Ramos, diretora do BNDES: sozinho, Brasil não consegue viabilizar infraestrutura sustentável
Para apontar soluções que levem ao cumprimento destas metas foi promovida recentemente a conferência Infrainvest – Infraestrutura Sustentável para o Brasil. No encontro, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para um aporte inicial de R$ 2,8 bilhões (US$ 900 milhões) em projetos de energia sustentável – usinas eólicas e fotovoltaicas.
No longo prazo, a parceria pode chegar a 10 bilhões de reais, se forem viabilizados os projetos em aterros sanitários e saneamento básico, além de hidrovias, ferrovias e rodovias verdes. Participante do debate, que reuniu ainda dirigentes do BID e representantes de organismos internacionais voltados à sustentabilidade, a diretora do BNDES, Marilene Ramos, destacou que o mundo precisa ajudar o Brasil a investir em infraestrutura sustentável, sobretudo no que se refere à região amazônica.
A engenheira civil, que também é professora da Escola Brasileira de Administração Pública e Empresas da FGV, lembrou que o país não consegue sequer dar conta de investir em infraestrutura convencional. “O Brasil precisaria investir 5% do PIB em infraestrutura, mas a média histórica é de, no máximo, 2,5%. Porém, esse investimento só vem caindo, pois no aperto fiscal o primeiro setor a sofrer cortes é o de infraestrutura”, destaca.
País não dá conta sozinho
Sobre a geração de infraestrutura na Amazônia, Marilene Ramos lembrou que se não houver investimento internacional, o Brasil seguirá apostando em projetos do século passado, que desencadeiam mais desmatamento. “Cito o exemplo da BR-163, que é a principal ligação do setor produtivo do Centro-Oeste com os portos do Pará. No período de chuvas, a estrada se transforma em um atoleiro, que gera perdas de 150 milhões de reais ao país a cada dez dias, pois os caminhões não conseguem atravessá-la e a produção de grãos apodrece nas carrocerias. O que fazer ali: asfaltar ou construir uma ferrovia?”, questionou.
A diretora do BNDES prosseguiu com seu raciocínio: “Se não houver investimento em infraestrutura sustentável na região, o que custa caro, o Brasil, com seus recursos próprios, provavelmente optará por asfaltar a BR-163, o que vai gerar concentração urbana em volta da estrada e mais desmatamento. A melhor solução é uma ferrovia, mas que custa 15 bilhões de reais. Então, os investidores internacionais precisam acordar para o problema e ver que o Brasil não consegue fazer isso sozinho. Coloca-se sobre os ombros do país a obrigação de preservar a floresta, mas que ele não tem condições de operacionalizar apenas com recursos próprios”, destacou.
Entrevistado
Reportagem com base nos debates ocorridos na conferência Infrainvest – Infraestrutura Sustentável para o Brasil
Contato
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Crédito Foto: FGV-RJ
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330