Como construir um circo com estrutura de bambu leve e desmontável
Archdaily
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29 de setembro de 2017
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O projeto em bambu do Studio Akkerhuis para um teatro móvel na costa dos Países Baixos aborda as características do material na construção de estruturas leves, resistentes, acessíveis e transportáveis.
O projeto, um espaço compacto similar a um pequeno anfiteatro para apresentações, permite ser reutilizado com diferentes configurações em diversos lugares a partir de seus vínculos de cordas e parafusos.
Descrição pelos autores. Desde 2001, uma associação cultural local, Kunstklank, organiza a cada dois anos uma produção teatral na praia de Noordwijk, uma conhecida localidade costeira próxima de Leiden, nos Países Baixos. Até o momento, em sua maioria tratavam-se de atuações ao ar livre, requerendo somente um cenário e alguns assentos improvisados ao redor.
Para as apresentações desse ano, desejava-se uma estrutura coberta para proteção contra a chuva e o vento, que fosse possível de montar e desmontar em vários lugares durante os próximos cinco anos. Utilizando materiais naturais ela pode ser montada praticamente totalmente por voluntários.
Nesta ocasião, para a obra Gestrand Verlangen, uma produção de teatro musical baseado em Dido & Aeneas de Henry Pur-cell, a localização da praia era particularmente apropriada: a configuração dos assentos e a abertura para a costa se integraram totalmente com a coreografia da peça.
A ideia para o teatro foi criar um espaço compacto, similar a um pequeno anfiteatro, uma tenda beduína, ou uma lembrança dos circos viajantes do século XIX. Isso deu origem a um espaço íntimo para 250/300 pessoas, com apenas um diâmetro de 20 metros. Portanto, nenhum membro do público estará a mais de 10 metros do centro do palco. O público pode sentar-se em 21 tribunas, que podem acomodar 22/24 pessoas cada. Três são reservados para uma orquestra de 14 músicos. O teatro é móvel e pode ser reutilizado em diferentes configurações, com menos ou mais tribunas
O bambu foi escolhido como o principal material de construção: é um material naturalmente cultivado, leve e forte, acessível e fácil de substituir. Toda a construção, tribunas e pavimento, é composta por elementos únicos de bambu, conectados principalmente com cordas para a estrutura da loja e com parafusos para as grades. Os elementos nunca excedem um comprimento de 5,8 metros, adequados para serem acomodados em um recipiente de 6 metros de armazenamento. Cada elemento individual pode ser transportado por uma pessoa.
Um total de quase 5.800 varas de bambu individuais de 4 espécies e diâmetros diferentes foram cortadas e montadas por um grupo de 50 voluntários em seus tempos livres, durante um período de 3 meses. Somente fundações, terraplenagens, o tecido e os corta-ventos, a coroa central e as peças metálicas, e as almofadas, foram produzidas por fabricantes profissionais. O teatro, desde as ideias iniciais até a conclusão, foi projetado e montado ao longo de um período de 7 meses.
Para o seu uso inicial neste local particular, os trabalhos no terreno exigiram a fabricação de um montículo de 30 metros de diâmetro entre as dunas e a linha de água, perfeitamente horizontal, em que as 32 sapatas de concreto de 760 Quilos cada uma, puderam assegurar que a estrutura permanecesse no lugar, mesmo com ventos fortes. Os primeiros esboços foram feitos em dezembro de 2016 e a construção no local foi feita na primeira semana de julho de 2017. Após duas semanas de atuações, a estrutura foi desmontada e armazenada para o próximo uso.
Projeto: Studio Akkerhuis, Maurits van der Staay
Arquitetos do projeto: Maurits van der Staay, Florian Bolle, Luca Salerno
Cliente: Kunstklank Noordwijk, Herma van Piekeren, Koos Samsom, Hugo van den Berg
Gestão da Obra: Dennis Schneider, Sylvia van Stijn-Beukers, Florian Bolle, Luca Salerno
Engenheiros: Tentech Utrecht: Julia Schönwälder, Rogier Houtman, Harmen Werkman
Projeto dos cenários e equipamentos técnicos: Tom Verheijen, Eli van Hooff, Wessel Snoek
Obras de Metal: Hametec Montfoort: Hans Lekkerkerker
Coberturas: Zeildoek Montfoort: Rikkert Hoogenboom
Trabalho de solo no local: van der Putte, Noordwijk, van der Wiel, Noordwijk
Bambu: Importación de bambú, Beverwijk: Melger Hulsebos, Stéphane Schröder
Almofadas: Arc Marine, Lelystad: Roel Bennink