Concreto de alto desempenho se solidifica no Brasil
Desde a publicação da Norma de Desempenho (ABNT NBR 15575:2013) os chamados concretos duráveis e de alto desempenho vêm ampliando seu mercado no Brasil, ainda que timidamente. Uma das razões é que a norma técnica prescreve um tempo mínimo de vida útil às estruturas de concreto, o que deve ser estabelecido em projeto – a chamada vida útil de projeto (VUP). Esse tempo, de acordo com a Norma de Desempenho, deve ser igual a 50 anos, 63 anos ou 75 anos, respectivamente, para níveis de desempenho mínimo, intermediário ou superior.
Oswaldo Cascudo: concretos de alto desempenho só são possíveis graças a superaditivos e superpozolanas
Mas não é apenas a exigência normativa que estimula o uso de concretos de alta resistência (CAR) e de concretos de alto desempenho (CAD). A necessidade de se criar espaço nas edificações, por conta de terrenos cada vez menores para a construção de prédios, também leva os projetistas a optarem por materiais com essas características, já que eles permitem seções estruturais mais esbeltas, resultando em ganho de área útil. Além disso, os ambientes urbanos cada vez mais agressivos, por conta da poluição, e as áreas litorâneas – tradicionalmente ameaçadoras ao concreto – igualmente estimulam um consumo maior de concretos especiais.
O professor-doutor Oswaldo Cascudo, da Universidade Federal de Goiás (UFG), que se dedica há mais de uma década à pesquisa de concreto de alto desempenho (CAD) no Brasil, explica que, dependendo do ambiente e do tipo de obra, é possível projetar concretos duráveis, e que cumpram as especificações da Norma de Desempenho, sem necessariamente que eles sejam de alto desempenho. “Evidentemente que o tipo de concreto a ser especificado para determinada vida útil pode ser mais simples se a agressividade do ambiente for menor. Caso a agressividade seja mais intensa, o concreto terá que ser mais elaborado”, afirma.
Superaditivos e superpozolanas
Pontes e viadutos são obras especiais, onde o uso do CAD é o mais recomendado
Oswaldo Cascudo alerta que obras especiais, como pontes, viadutos e grandes estruturas, são hoje as que mais demandam concretos de alto desempenho. “Nesses casos, e notadamente se a agressividade ambiental for alta, serão necessários concretos especiais, tais como os concretos de alto desempenho (CAD) ou, em situações muito particulares, os concretos de ultra-alto desempenho. Esses concretos especiais normalmente estão atrelados a VUP (vida útil de projeto) superior a 100 anos, ao passo que os concretos duráveis convencionais se propõem a atender VUP de 50 anos a 75 anos”, diz.
O especialista, que recentemente palestrou no web seminário “Concreto de alto desempenho: evolução e tendências na aplicação estrutural”, destacou ainda que a busca por obras mais sustentáveis, ou seja, com maior durabilidade e menor exigência de reparos, também incentivam o uso de materiais com alta resistência. “Esses concretos, obviamente, incluem aditivos, sejam eles plastificantes, superplastificantes ou aditivos de alta capacidade de redução de água. Eles também podem receber adições minerais, como as superpozolanas, que propiciam microestruturas muito fechadas, praticamente impedindo a ação de agentes agressivos. O resultado é uma altíssima durabilidade, o que explica as vantagens dos concretos de alta resistência e de alto desempenho”, define.
Entrevistado
Engenheiro civil e professor-doutor da Escola de Engenharia Civil da Universidade Federal de Goiás (UFG), Oswaldo Cascudo (com base no web seminário “Concreto de alto desempenho: evolução e tendências na aplicação estrutural”)
Contatos
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Crédito Fotos: UFG e Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330